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Coordenado pelos professores Paulo e Rosy, o “Construindo Olhares Botânicos” conecta educação básica à universidade pública.

turma do projetoO Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, em parceria com o Parque Estadual Serra Verde e a Escola Estadual Getúlio Vargas, está promovendo uma iniciativa que conecta a educação básica pública com a universidade. O projeto "Construindo Olhares Botânicos", coordenado pela professora Rosy Mary, da UFMG, e pelo professor Paulo Temóteo, da Escola Estadual Getúlio Vargas, visa ampliar a visão botânica de estudantes do ensino médio, incentivando-os a aplicar o método científico e a vivenciar o dia a dia dos cientistas.

O projeto nasceu da ideia dos professores Rosy e Paulo de criar uma Iniciação Científica com os alunos da E. E. Getúlio Vargas para estudar a flora do Parque Estadual Serra Verde, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Segundo o professor Paulo, o principal objetivo é demonstrar a importância das plantas no cotidiano: “Trazer as plantas para o protagonismo pelo olhar dos secundaristas é algo muito importante e que deve acontecer. Isso colabora não só para entender o papel das plantas, mas também para o entendimento da importância da preservação da flora”, afirma Paulo.

Aprendizagem

Durante as atividades, os estudantes participam de expedições mensais ao Parque Estadual Serra Verde, onde realizam trilhas e coletam amostras botânicas. Essas amostras são utilizadas para montar exsicatas — amostras de plantas prensadas e secas numa estufa — que serão incluídas no acervo da escola e da universidade e também produzirão lâminas para análise no microscópio.

Além das reuniões mensais, são realizadas oficinas que desenvolvem diferentes aspectos de aprendizagem. “Teve uma [oficina] recentemente no Parque Serra Verde onde a gente teve contato com adultos. Então [o projeto] me prepara para apresentações, algo que eu tinha muita vergonha e hoje em dia já não tenho tanta”, relata Ana Clara, 16, aluna do projeto.

Mais do que levar conhecimento científico, o projeto também desempenha um papel importante em ressignificar a relação dos alunos com o ambiente escolar, construído ao redor do parque. Mateus Martins, de 18 anos, aluno do projeto, compartilha sua jornada de reconexão com a escola: “A gente não tinha essa visão. O parque está bem ao lado da nossa escola, de onde a gente mora, a diversidade de lá é muito gigante, mas poucas pessoas sabem disso. O projeto é exatamente para isso: entender a importância do parque e passar para o próximo o que muitas vezes não percebemos.”

Resultados

Com um ano de existência, o projeto "Construindo Olhares Botânicos" tem demonstrado o potencial transformador da interação entre a educação básica pública e a universidade, inspirando jovens estudantes a explorar e se apaixonar pela ciência.

“O ‘Construindo Olhares Botânicos’ me leva de volta pra Escola e me conecta com esse público. É um desafio mas tem sido muito gratificante.”, revela a professora Rosy.

 

Redação: Timóteo Dias

Evento gratuito reúne participantes de diversas áreas do conhecimento para uma imersão em neurociências na UFMG

Comissao e participantesFoto crédito: Anderson RodriguesO Programa de Pós-Graduação em Neurociências (PPG-Neuro) da UFMG realizou a segunda edição do Curso de Inverno em Neurociências – Prof. Ângelo Machado. O evento interdisciplinar e gratuito ocorreu entre os dias 01 e 05 de julho na UFMG, reunindo alunos de graduação e profissionais de diferentes áreas do conhecimento, como Medicina, Ciências Biológicas, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Farmácia, Engenharia Elétrica, Psicologia, Letras e Pedagogia, vindos de cinco estados do Brasil.

Coordenado pelo Prof. Lucas Kangussu, do Departamento de Morfologia do Instituto de Ciências Biológicas, o curso tem como principais objetivos disseminar o conhecimento em neurociências, integrar o conhecimento teórico com técnicas de pesquisa, despertar o interesse pela ciência, promover a divulgação do conhecimento científico e reforçar a importância da pesquisa para a sociedade. A programação incluiu aulas, palestras e mesas-redondas ministradas pela comunidade acadêmica do PPG-Neuro, composta por pós-graduandos, residentes pós-doutorais e professores.

Os temas apresentados durante o curso se estenderam desde os fundamentos teóricos até as mais recentes descobertas e discussões em neurociências, com destaque para as áreas de concentração do PPG-Neuro: Neurociências Básicas, Neurociências Clínicas e Neurociências, Ciências Sociais e Educação. Essa abordagem ampla permitiu uma compreensão abrangente do sistema nervoso, desde aspectos morfofuncionais até implicações clínicas e educacionais. A comissão organizadora do evento foi composta por discentes e pesquisadores do PPG-Neuro.

O Curso de Inverno em Neurociências – Prof. Ângelo Machado está registrado como atividade de extensão (SIEX: 103110) e reflete o compromisso do PPG-Neuro da UFMG em promover a educação científica e a interação com a sociedade.

Homenagem ao Professor Ângelo Machado

angelo machado foca lisboaFoto crédito: Foco LisboaO Professor Ângelo Barbosa Monteiro Machado, figura icônica na história da UFMG e das neurociências no Brasil, serviu de inspiração para a criação deste curso. Nascido em Belo Horizonte em 22 de maio de 1934, Ângelo Machado teve uma carreira marcada pela inventividade e compromisso com a ciência. Ele ingressou na UFMG como professor em 1959 e tornou-se professor emérito em 2005. Suas contribuições para a medicina e neurociência incluem o pioneirismo no estudo das alterações do sistema nervoso autônomo na doença de Chagas e a publicação do livro "Neuroanatomia Funcional", que se estabeleceu como uma obra nacionalmente conhecida e adotada pelos cursos das Ciências da Saúde das principais universidades do Brasil.

Além de seu legado científico, Ângelo Machado também se destacou como escritor e dramaturgo, com inúmeras obras publicadas e peças de teatro encenadas. Ele foi homenageado com diversas distinções, incluindo o Prêmio Jabuti de literatura infantil em 1993, e teve seu nome associado a 56 espécies de animais em reconhecimento ao seu trabalho na entomologia.

Ao mesmo tempo em que celebram a memória e as contribuições do Professor Ângelo Machado para a ciência e a educação no Brasil, o Curso de Inverno em Neurociências da UFMG é uma excelente oportunidade para estudantes e profissionais que desejam aprofundar seus conhecimentos e explorar as complexidades do sistema nervoso.

 

Redação: Timóteo Dias

Paulo Beirão assume Cadeira na Academia Mineira de Letras.

Captura de tela 2024 07 09 154113O renomado Professor Emérito da UFMG, Paulo Sérgio Lacerda Beirão, foi oficialmente empossado na Academia Mineira de Letras, ocupando a cadeira 34, onde já se sentaram Juscelino Kubitschek e Afonso Arinos de Melo Franco, entre outras importantes figuras para a história política e da ciência no Brasil. A cerimônia de posse, realizada na última sexta-feira (5), destacou não apenas a extensa carreira acadêmica e científica de Beirão, mas também seu comprometimento com o ensino, pesquisa e promoção da ciência no Brasil.

Com formação em Medicina pela UFMG e doutorado pelo Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ, Paulo Beirão é reconhecido internacionalmente por suas contribuições no estudo de toxinas de aranhas e escorpiões, além de outras áreas da biologia molecular e bioquímica. Ao longo de décadas, ele desempenhou papéis de destaque como presidente de sociedades científicas, pró-reitor de Pesquisa da UFMG e cargos de direção em agências de fomento como CNPq e FAPEMIG, além de ter liderado iniciativas inovadoras no campo da educação e da bioinformática.

A posse na Academia Mineira de Letras representa mais um marco em sua trajetória, sendo eleito para ocupar uma cadeira que celebra não apenas a excelência literária, mas também a contribuição intelectual para o desenvolvimento cultural de Minas Gerais. Em seu discurso de posse, Beirão ressaltou a importância de integrar o conhecimento científico com as humanidades, destacando o papel essencial da educação na formação de uma sociedade mais justa e informada.

"Passo agora a fazer parte dessa ilustre casa trazendo a bagagem que aprendi ao longo desses anos - o que eu devo muito à minha família, a começar com meus pais. Com meu pai eu aprendi a valorizar o trabalho, a respeitar as pessoas e a cultivar o relacionamento interpessoal. Com minha mãe absorvi um pouco da cautela, da sabedoria e da prudência, com uma pitada de desconfiança, típicas do mineiro. De ambos devo a formação do meu caráter.", afirmou o professor em seu discurso.

A Academia Mineira de Letras, fundada em 1909, tem como missão preservar e promover a literatura e a cultura de Minas Gerais, além de reconhecer personalidades que se destacam em suas áreas de atuação. A eleição de Paulo Beirão para a AML reforça seu papel como líder intelectual e educacional, inspirando gerações futuras a seguir seus passos na busca pelo saber e pelo avanço da ciência.

 

 

Fotos: Lígia Dumont; Redação: Timóteo Dias.

Pesquisadores também pretendem isolar leveduras de fungos bioluminescentes

O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Leveduras (INCT Leveduras) fez sua primeira coleta em busca de novas espécies de leveduras em uma área de Mata Atlântica localizada no sul paulista. Além de ampliar os estudos sobre a biodiversidade brasileira, a bióloga Ana Raquel Santos e a farmacêutica Giovana Reis estiveram na Reserva Betary, em Iporanga, também com o interesse de obter amostras de cogumelos bioluminescentes.

“A Mata Atlântica tem uma diversidade muito grande. Sabíamos que iríamos encontrar outros substratos relacionados às nossas linhas de pesquisa, o que nos possibilitaria aumentar nossa área de cobertura”, explicou Ana Raquel Santos.

Responsável do INCT Leveduras pela coleta de amostras em diferentes biomas brasileiros, Ana Raquel revelou que o Instituto tem interesse em isolar leveduras da microbiota do fungo bioluminescente. “Já fizemos alguns trabalhos com basídeos, inclusive com a descrição de novas espécies”, afirmou. A coleta na Reserva Betary foi possível graças ao intercâmbio de informações com a equipe de pesquisa do Instituto de Pesquisas da Biodiversidade (IPBio) e à estrutura de laboratório para o pré-processamento das amostras vegetais mais rapidamente perecíveis disponível no local. Além dos fungos bioluminescentes, “em uma incursão de aproximadamente 15 minutos pela mata já foi possível coletar cascas de árvores, cogumelos silvestres, flores como lírio-do-brejo, água de bromélia e abelha Jataí e abelha-cachorro”, relatou Giovana Reis.

De acordo com a pesquisadora, a organização da expedição começou pelo menos uma semana antes, “com a estimativa de amostras a serem recolhidas e preparação dos meios de cultura, ou seja, ambientes ricos em nutrientes para crescimento das leveduras”. Algumas delas foram isoladas no laboratório da reserva e outras mantidas refrigeradas até o retorno das cientistas ao Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, sede do INCT Leveduras. 

No Laboratório de Taxonomia e Biodiversidade de Fungos, sob a orientação do professor Carlos Rosa, coordenador do INCT Leveduras, o material biológico é catalogado e, com os dados associados, é depositado na Coleção de Microrganismos e Células do Centro de Coleções Taxonômicas da UFMG, ficando disponível para outras instituições interessadas em estudá-los.

A coleta no Vale do Ribeira é importante para que o INCT Leveduras possa ampliar a área de cobertura dos seus estudos em regiões ainda não exploradas de Mata Atlântica, bioma brasileiro em rápida degradação, bem como para o conhecimento geral das leveduras do Brasil. “Já coletamos no Rio de Janeiro, Minas Gerais e em algumas regiões do Nordeste. Como é uma área diferente, temperatura, altitude e influência da vegetação do entorno fazem com que a biodiversidade de microrganismos também tenha outras carascterísticas”, explica Ana Raquel.

APRENDIZAGEM

A bióloga Ana Raquel, doutora em microbiologia, também ressalta a oportunidade de aprendizado com a coleta na Reserva Betary. “À medida que a gente vai coletando a gente vai aprendendo os melhores meios para isolamento, quais os substratos mais interessantes para cada propósito de pesquisa e aplicando esse entendimento em novas regiões”, destacou. Ana Raquel já coletou em diferentes locais do Brasil e se surpreendeu com a saída noturna em busca do cogumelo bioluminescente. “Não vi isso em outras coletas, pois geralmente saímos durante o dia, quando conseguimos visualizar a maioria dos substratos com os quais trabalhamos. Há flores, por exemplo, que só têm hábitos diurnos. Na Reserva Betary, além do cogumelo, foi possível ver os liquens nas árvores com coloração bem diferente, a partir do uso de equipamentos específicos”, ressaltou. 

No IPBio, uma das principais atividades é a oferta de trilhas guiadas para percepção da floresta durante a noite.

 

 

 

 

 

 

 

Na galeria abaixo você vê algumas imagens do trabalho realizado pelas pesquisadoras do INCT Leveduras.

Nova espécie encontrada na Floresta Amazônica tem potencial para produção de biocombustíveis

marinaA Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, professora Marina Silva, está sendo homenageada com uma descoberta de interesse biotecnológico para o Brasil realizada pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Leveduras (INCT Leveduras). A ex-senadora e deputada federal recebeu o nome de uma nova espécie de levedura encontrada na Floresta Amazônica brasileira no Brasil.

“A ministra é uma das principais personalidades que luta pela preservação da floresta amazônica”, afirmou o biólogo Carlos Rosa, coordenador do INCT Leveduras. Ele justifica a homenagem pelos “incontáveis esforços da ex-senadora, em favor da sustentabilidade ambiental”. Além de ser natural do estado do Acre, a deputada federal Marina Silva, acumula mais de quatro décadas de militância e vida pública, sendo referência para diferentes gerações no que diz respeito à questão ambiental.

O microrganismo descoberto pelos cientistas do INCT Leveduras pertence ao gênero Spathaspora e é descrito em artigo publicado no último sábado na revista Yeast, uma das mais destacadas publicações do mundo na área de microbiologia. A nova espécie é original de quatro isolados, obtidos de madeira apodrecida e galerias de besouros passalídeos, coletados em diferentes pontos da Floresta Amazônica, entre 2015 e 2019.

As leveduras foram caracterizadas de acordo com sua morfologia e padrões de crescimento na presença de diferentes fontes de carbono e nitrogênio. Depois de analisá-las, os pesquisadores constataram que a nova espécie foi capaz de acumular xilitol e produzir etanol a partir de D-xilose (principal açúcar da lignocelulose), uma característica de interesse biotecnológico comum a várias espécies do gênero Spathaspora.

A lignocelulose faz parte da biomassa vegetal, em conjunto com a celulose e a lignina. As leveduras industriais (Saccharomyces cerevisiae) não são capazes de fermentar a D-xilose da lignocelulose em etanol. Esta espécie nova, e outras do gênero Spathaspora, são fermentadoras de D-xilose, e podem ser “domesticadas” para aplicação na produção de biocombustíveis, explica o professor Carlos Rosa.

No artigo “Spathaspora marinasilvae sp. nov., uma levedura fermentadora de xilose

isolado de galerias de besouros passalídeos e madeira podre no bioma da floresta amazônica”, os pesquisadores afirmam que as características na nova levedura destacam sua potencial relevância industrial. Com a expansão do conhecimento sobre o gênero, “o significado ecológico e biotecnológico de Sp. marinasilvae pode se tornar mais evidente, facilitando futuras explorações e aplicações em diversos campos”.

O artigo que descreve a levedura está disponível na íntegra em https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/yea.3966

INCT LEVEDURAS

Financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o INCT Leveduras inclui pesquisadores de mais de dez regiões do Brasil e tem como principal objetivo gerar conhecimento sobre as leveduras da biodiversidade brasileira e, a partir do estudo desses microrganismos, promover inovações biotecnológicas consideradas estratégicas para o desenvolvimento sustentável. Criado em 2008, INCT é um dos mais importantes programas de fomento a projetos de alto impacto científico e de formação de recursos humanos do país, mantido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

 

Redação: Dayse Lacerda

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