O alto nível de barulho da Stock Car pode causar graves danos à saúde dos animais e questiona os reais benefícios econômicos do evento.
Na última sexta-feira (02) o Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (ICB-UFMG) foi palco de uma palestra acerca da corrida da Stock Car Pro Series, que ocorrerá de 15 a 18 de agosto em Belo Horizonte. O evento, que promete de forma arbitrária atrair milhares de visitantes, gerou controvérsia devido ao potencial impacto negativo do elevado nível de barulho produzido pelos carros de corrida.
A palestra focou em destacar as possíveis consequências adversas da corrida para a cidade. Os especialistas presentes ressaltaram que o ruído intenso gerado pelos motores pode causar estresse significativo e até mesmo canibalismo e morte entre os animais expostos ao barulho em ambientes sensíveis, como o hospital veterinário, os biotérios e a Estação Ecológica.
“Os impactos são imensuráveis. Serão 30 automóveis produzindo um som de 120 decibéis próximos ao hospital veterinário, a casas de repouso, residências e ao biotério. Isso nunca aconteceu na história.”, explicou a empresária e ativista Kátia Lopes, integrante do coletivo Stock Car no Mineirão Não. “Além disso, a poluição sonora pode levar a mortes por estresse entre os animais, que são mais sensíveis ao som do que os humanos. Crianças e adultos autistas, com maior sensibilidade auditiva, também serão prejudicados.”
Também foram abordadas questões acerca da viabilidade econômica do evento. Profissionais questionaram a alegação de que a corrida trará benefícios financeiros significativos para Belo Horizonte. Foram apresentados dados que indicam que edições anteriores de eventos similares ao da Stock Car no Brasil não resultaram em retornos financeiros substanciais e a audiência foi inferior às estimativas.
“Não há benefício econômico significativo. Isso foi descoberto ao longo do tempo”, comentou o doutorando em Ecologia Marcelo Dias, um dos palestrantes. “O que os promotores do evento divulgam sobre benefícios econômicos está muito exagerado em comparação com eventos de porte semelhante, com valores até 7 vezes maiores do que o real.”
A poluição sonora não é o único problema relacionado à corrida de Stock Car. Por causa do evento, a principal entrada do Hospital Veterinário da UFMG será fechada, impossibilitando o recebimento de animais de grande porte para emergência, urgência e demais atendimentos de rotina. “Com esse fechamento, nós não poderemos receber esse animais e nem mesmo receber alimentos e medicamentos para o Hospital. Não teremos acesso para nossos alunos, servidores e funcionários em geral.” É o que diz a vice-diretora do Hospital Veterinário da UFMG, Eliane de Melo.
A discussão gerada pela palestra levanta questões importantes sobre a sustentabilidade e a responsabilidade de eventos de grande escala e promete continuar a ser um tema de debate à medida que a corrida da Stock Car se aproxima. Para mais informações sobre os impactos negativos do evento, visite a página Stock Car na UFMG não #UFMGeudefendo.
Redação: Timóteo Dias