Pesquisador da UFMG se destaca no estudo e desenvolvimento de probióticos
Uma nova espécie de levedura descoberta por pesquisadores do INCT Leveduras a partir de amostras de madeira podre coletadas nos ecossistemas da Mata Atlântica e da Floresta Amazônica no Brasil recebeu o nome do bioquímico francês, Jacques Robert Nicoli, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A homenagem ao titular aposentado do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciência Biológicas da UFMG (ICB-UFMG) se deve “às suas contribuições ao estudo e desenvolvimento de microrganismos probióticos”, destacou o biólogo Carlos Augusto Rosa, que assina com outros autores o artigo em que o novo microrganismo foi descrito.
A mesma levedura descrita pelos pesquisadores do INCT Leveduras foi associada à infecção de um crocodilo adulto macho da espécie Crocodylus niloticus no Zoológico de Belo Horizonte. Partes do DNA da espécie recém-descoberta eram idênticas à de uma linhagem não cultivada de Spencermartinsiella que teria causado a doença no animal.
“Nós fizemos testes de virulência in vitro e in vivo, usando larvas de inseto como modelo. E observamos que essa levedura foi letal para a maioria delas”, conta a farmacêutica Katharina Barros. Para a pesquisadora, em estágio pós-doutoral no Laboratório de Taxonomia, Biodiversidade e Biotecnologia do ICB-UFMG, as análises sugerem que S. nicolii pode ser um patógeno oportunista para pessoas e animais com o sistema imunológico enfraquecido.
Jacques Nicoli é autor de mais de 330 artigos e publicou 37 livros ou capítulos. Coinventor de oito processos ou produtos depositados, ele morou, estudou e trabalhou em vários países. Na cerimônia de outorga do título de professor emérito, ele destacou em seu discurso que nunca vai se arrepender “de ter escolhido o Brasil para viver, trabalhar e terminar meus dias”.
Ao expressar sua “honra e gratidão” pela homenagem, o professor Jacques Nicoli destacou a colaboração “incansável” de inúmeros estudantes, técnicos e docentes pesquisadores. Entre eles, chamou a atenção para o também professor e pesquisador Carlos A. Rosa, “um dos maiores especialistas internacionais em Ecologia e Biotecnologia de Leveduras”, com o “isolamento de um dos mais polivalentes probióticos com os quais trabalhamos: a levedura Saccharomyces cerevisiae UFMG 905”. Nicoli também lembrou “a contribuição fundamental de várias empresas nacionais e internacionais que apoiaram financeiramente nossos projetos”.
Os trabalhos com probióticos iniciados pelo professor Nicoli continuam com seus colegas de laboratório, Flaviano Martins e Elisabeth Neumann, e a colaboração de pesquisadores de vários departamentos do ICB-UFMG, de outros institutos da Universidade e de outras universidades e instituições nacionais e internacionais, especialmente da França, Argentina e Cuba.
Este microrganismo mostrou uma extrema eficácia como probiótico em quadros diversos como o tratamento e a prevenção de diarreia, asma, alergia alimentar e doenças inflamatórias intestinais (colite e mucosite). Esta linhagem de levedura é objeto de patentes para processos de produção de pão de forma e cerveja artesanal probióticos.
O artigo que descreve a nova espécie de levedura Spencermartinsiella nicolii
está disponível na íntegra em https://l1nq.com/MboOV
Financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o INCT Leveduras inclui pesquisadores de mais de dez regiões do Brasil e tem como principal objetivo gerar conhecimento sobre as leveduras da biodiversidade brasileira e, a partir do estudo desses microrganismos, promover inovações biotecnológicas consideradas estratégicas para o desenvolvimento sustentável. Criado em 2008, INCT é um dos mais importantes programas de fomento a projetos de alto impacto científico e de formação de recursos humanos do país, mantido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
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