O Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, ICB - UFMG, tem como marco comemorativo de sua criação o dia 11 de novembro, data da 1ª Assembleia Geral do Corpo Docente ocorrida em 1968. Mas as origens do Instituto, porém, remontam a muito antes disso.
Já em novembro de 1957, o professor Braz Pellegrino, que dirigia o Instituto de Biologia Geral da Faculdade de Filosofia da, então, Universidade de Minas Gerais (UMG), enviava ofício ao reitor da Instituição, professor Lincoln Prates, solicitando que sua unidade fosse ligada à reitoria.
Anos mais tarde, em abril de 1963, um grupo de estudo composto por professores das Faculdades de Farmácia, Filosofia, Medicina, Odontologia e Escola de Veterinária, coordenado pelo professor Liberato DiDio, envia ofício ao Reitor Orlando Magalhães Carvalho, comunicando sua deliberação pela organização do “Centro de Ciências Biológicas da UMG”.
Em seu novo Estatuto, que entrou em vigor em dezembro de 1964, já durante o reitorado do professor Aluísio Pimenta, a UMG já previa que a pesquisa da Universidade seria desenvolvida em institutos centrais entre eles o Instituto Central de Ciências Biológicas.
Em fevereiro de 1966, o Professor Amilcar Vianna Martins é indicado como o Coordenador do Instituto Central de Ciências Biológicas.
Em 18 de novembro de 1966, o governo federal baixa o Decreto-Lei 53, que fixava normas para a organização das universidades. Por esse decreto o ensino e a pesquisa básicos deveriam ser reunidos em unidades centrais.
A organização em departamentos se dá um ano mais tarde, por meio do Decreto-Lei 252, de 28 fevereiro de 1967, selando a chamada “Reforma da UFMG”.
O Instituto de Ciências Biológicas é criado formalmente em 1968, na gestão do Reitor Gerson de Brito Mello Boson, quando o Decreto-Lei 62.137, de 28 de fevereiro de 1968, aprova o plano de reestruturação da Universidade Federal de Minas Gerais.
No início, as aulas eram dadas em diferentes lugares da cidade, o que dificultava a integração que se buscava. Em 1970, o ICB passou a ocupar as instalações da Patologia Geral, na Faculdade de Medicina. O prédio próprio, um dos primeiros do campus Pampulha, só foi ocupado em 1979.
O desenvolvimento da pesquisa básica com viés de aplicação, que sempre marcou a história do Instituto, ganhou impulso já a partir de 1969 com a criação de grupos de estudo, laboratórios e colaborações interdepartamentais.
Merece destaque a escolha do Instituto, desde o início, de organizar-se em laboratórios multiusuários levando em 1985 à criação do então Centro de Microscopia Eletrônica (CEMEL) atual Centro de Aquisição e Processamento de Imagem (CAPI) e do Centro de Bioterismo (CEBIO). Seguindo essa tradição, em 1987, foi criado o Centro de Radiobiologia (CERAD) e em 1997 o Centro de Coleções Taxonômicas (CCT). Mais recentemente, formam criados o Centro de Laboratórios Multiusuários (CELAM), incluindo os Laboratórios de Genômica, Proteômica e Citometria de Fluxo, o Laboratório de Nível de Biossegurança NB3 e o Centro de Processamento e Análise de Dados (CEPAD).
Para além do ensino e pesquisa, a extensão também foi estimulada com a criação do Instituto. Em 1997, o ICB inaugurou o Museu de Ciências Morfológicas, que recebe mensalmente cerca de 2000 alunos, de 1º e 2º graus, dentre outros visitantes.
Em reconhecimento aos trabalhos prestados à comunidade mineira, o Instituto recebeu do governo do estado, em abril de 1997, a condecoração da Grande Medalha da Inconfidência.
A criação do Instituto de Ciências Biológicas colocou a UFMG na vanguarda da época, resultando na política de criação dos chamados Institutos Centrais, que passaram a concentrar cátedras até então dispersas por várias faculdades, na década de 60.
O objetivo, com a concepção do ICB, era elevar o número de vagas existentes, possibilitar a diversificação das carreiras profissionais oferecidas, criar cursos de pós-graduação, promover melhor aproveitamento de laboratórios, equipamentos, bibliotecas e serviços de apoio, além de facilitar, por meio de maior integração dos docentes e dos técnico-administrativos, o desenvolvimento de programas comuns e de melhor qualidade voltados ao ensino e à pesquisa.
Para isso são transferidos para o ICB setores que pertenciam originalmente às Faculdades de Farmácia e Bioquímica, Filosofia, Medicina, Odontologia e Escolas de Enfermagem e Veterinária da UFMG.
Em 11 de novembro de 1968, realiza-se no ICB a 1ª Assembleia Geral do Corpo Docente e em 18 de novembro daquele mesmo ano a Congregação do Instituto reúne-se pela primeira vez.
Dias mais tarde, em 29 de novembro de 1968, Moacyr Gomes de Freitas, professor de Parasitologia da Escola de Veterinária é indicado como o primeiro diretor do ICB.
Para se ter uma ideia do contexto em que ocorre essa história, em 13 dezembro do mesmo ano foi promulgado o decreto conhecido como Ato Institucional número 5, o AI-5, o mais duro do regime militar, no governo do segundo presidente general Artur da Costa e Silva, considerado um dos principais articuladores do golpe de 1964.
Um ano mais tarde, a Congregação do ICB decide que a data comemorativa do ICB seria o dia 11 de novembro, quando ocorreu 1ª Assembleia Geral do Corpo Docente, em 1968.
O ICB tem assim “duas datas de nascimento”: uma em 1964, fruto de anseios da comunidade e de decisão autônoma da UFMG, e, outra, em 1968, por decreto do governo militar.
Hoje, o ICB se transformou numa das maiores e mais importantes unidades de ensino, pesquisa e extensão dentre todas as universidades brasileiras, com cerca de 450 servidores e 6 mil alunos de graduação e de pós-graduação, sendo maior do que muitas universidades do País.
Em 2013, em reconhecimento a relevância o Instituto para a pesquisa básica e a inovação de Minas Gerais, o ICB foi agraciado com o Prémio Marcos Luiz dos Mares Guia, concedido pela FAPEMIG em colaboração com a Secretaria de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior do Estado de Minas Gerais.
Ano |
1968 |
1978 |
1988 |
1998 |
2008 |
2015 |
Alunos de graduação* |
1450 |
- |
- |
2965 |
- |
4659 |
Aluno de pós-graduação* |
20 |
- |
219 |
317 |
856 |
1216 |
Docentes* |
170 |
250 |
240 |
231 |
238 |
263 |
Residência Pós-Doutoral* |
- |
- |
- |
- |
- |
145 |
Técnico-Administrativos* |
130 |
170 |
250 |
250 |
- |
185 |
Departamentos* |
11 |
10 |
10 |
10 |
10 |
10 |
Programas de Pós-graduação* |
1 |
4 |
4 |
7 |
10 |
14 |
Publicações em Periódicos** |
3 |
72 |
362 |
2301 |
8179 |
15763 |
Patentes** |
0 |
0 |
0 |
18 |
88 |
233 |
OBS: (*) Número médio no ano; (**) Número cumulativo, (-) Dado não disponível.
(Fontes: Cosenza, 1998 - 30 anos: Memórias do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, Plano de Desenvolvimento Institucional – ICB 2013, Boletim da UFMG e DRCA 2015)