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DSC 9536Ao lado da equipe que compôs ao longo dos últimos anos, o jornalista foi homenageado pelos colegas e recebeu o agradecimento dos diretores Ricardo Gonçalves e Élida Rabelo pelo trabalho realizado

Com uma trajetória de quase dez anos à frente da Assessoria de Comunicação e Divulgação Científica do Instituto de Ciências Biológicas (ACBio), o jornalista Marcus Vinicius dos Santos assumirá novo desafio profissional. A partir da próxima segunda-feira, 30, ele passa a compor a Comunicação do Centro de Tecnologia em Medicina Molecular (CTMM) da Faculdade de Medicina da UFMG, onde atuou por mais de 20 anos.

Especialista em Comunicação Pública da Ciência, Marcus Vinicius chegou ao ICB UFMG em 2015, a convite da então diretora, professora Andréa Mara Macedo. Como ele mesmo conta na entrevista a seguir, o maior desafio foi começar já que, naquela época, tudo que se tinha era uma sala.

Hoje, ladeado pela equipe que compôs ao longo dos últimos anos e pelos pares da administração central do Instituto, o jornalista se despediu recebendo as devidas homenagens e agradecimentos dos diretores Ricardo Gonçalves e Élida Rabelo pelo trabalho realizado.

ACBio: Depois de mais de oito anos à frente da Comunicação do ICB, você se despede para assumir um desafio ainda maior no CTMM UFMG. Dá um aperto no coração, misturado com um frio na barriga?

Marcus Vinicius Dos-Santos: Ah, Dayse... É muito... É um conflito de emoções. Porque todo recomeço traz aquela alegria de começar uma coisa nova, ao mesmo tempo a tristeza de abandonar uma coisa que a gente custou para construir, que deu trabalho para fazer. Mas é muito bom saber que eu posso continuar contribuindo com esse trabalho que a UFMG tem de divulgação científica e agora de uma forma mais específica, que é dentro de um laboratório, de um centro de tecnologia. Então, eu saio com um pesar, eu queria os dois(risos), mas também com a alegria de começar um trabalho novo, desafiador e que ainda temos que pesquisar bastante para saber exatamente como fazer. Mas eu gosto de desafios!

ACBio: No encerramento de um ciclo, geralmente, a gente costuma fazer uma análise, uma avaliação do que passou, enfim, uma autocrítica... Como você vê a sua trajetória na Comunicação do ICB ao longo desses quase 10 anos?

Marcus Vinicius Dos-Santos: Há alguns anos eu li que uma arte, um livro, a crítica literária, por exemplo, ela só é possível para quem vê de fora. Para quem está dentro, normalmente, a visão é enviesada. A gente sempre vai achar que a gente fez o melhor possível. Eu acredito que eu fiz o melhor que eu pude. Que eu podia ter feito. Mas eu, sinceramente, eu gosto de ouvir a opinião, espero que as pessoas deem opiniões positivas. Mas a gente teve desafios, teve momentos bons, teve momentos ruins. Q uando eu cheguei na Comunicação, a gente não tinha nenhuma mesa... Olhando para trás, eu acho que o que eu pude fazer, eu acredito que eu tenha feito, em dedicação, em buscar conhecimento, tentar descobrir novas e inovadoras formas de fazer divulgação científica, jornalismo institucional. Acho que tudo isso a gente tentou. Em alguns momentos a gente acertou, em outros momentos nem tanto.

(Você pode ter acesso à íntegra dessa entrevista também em vídeo no Canal ICBUFMG no Youtube: https://acesse.dev/4kbB4)

ACBio: Vamos começar do começo. Como foi que a ACBio, tal como é hoje, teve início? E qual o maior desafio que você já teve à frente Comunicação do ICB?

Marcus Vinicius Dos-Santos: Olha, acho que o maior desafio foi começar. Quando eu cheguei, não tinha nenhuma mesa. Em 2015, tinha uma sala e eu tive que ir atrás da mesa, da cadeira. O computador eu trouxe, doado da Faculdade de Medicina. A cadeira eu trouxe também de lá. Eu não sabia o que fazer. Como é que eu arrumo uma cadeira? Ah, tem que ver não sei onde. Aí eu ia lá e não tinha. Aí eu precisava de uma equipe, não era possível, e a gente fez projeto de extensão para poder captar a bolsa. Então, todas essas coisas, a gente enfrenta desafios todos os dias. Alguns a gente está preparado para eles. Por exemplo, produzir uma notícia. Acredito que um profissional de comunicação está preparado para produzir uma notícia. Mas as questões burocráticas, as questões administrativas, sempre foram os meus grandes desafios.

Então, eu acredito que a Universidade, como um todo, precise criar estruturas, formas de montar estruturas adequadas e comprometidas com resultados institucionalizados. Sem isso a comunicação não tem o valor que ela pode ter, que é formar uma imagem positiva da instituição, mostrar para a sociedade o que essa instituição é capaz e o que ela precisa para continuar produzindo cada vez melhor. Isso eu acho que é imprescindível e a universidade está nesse caminho, mas a gente ainda precisa caminhar bastante. Principalmente, em legislações que permitam uma autonomia maior das gestões que a universidade tem.

DSC 9498ACBio: E você teve algum suporte, algum apoio, que você considere fundamental para o sucesso do seu trabalho? Porque é notório, está registrado que a sua presença rendeu muitos frutos em relação à visibilidade do ICB.

Marcus Vinicius Dos-Santos: Eu não posso deixar de dizer como começou tudo. Lá para 2012 o falecido professor Tomaz Aroldo Da Mota Santos (Gestão 2010 – 2014) me convidou para vir para cá, uma época que não tinha a menor condição de eu sair. Eu estava há 20 anos na Faculdade de Medicina, estava na Assessoria de Comunicação, estava feliz, estava tudo certo. Passou o tempo, junto com a professora Ângela Maria Ribeiro, a professora Andréa me convidou de novo e, dessa vez, eu tive a oportunidade. Eu tinha passado no doutorado aqui no ICB. Então achei que seria uma boa aliar o útil ao agradável. Era um desafio e eu adoro desafios. Foi um pouco complexo porque eu não tinha pensado que criar uma assessoria de comunicação e fazer um doutorado seria duas coisas muito grandiosas ao mesmo tempo, mas acabou dando certo. Precisou de muita energia, de muito trabalho. Mas eu sempre tive o apoio da diretoria. O professor Carlos Rosa, o professor Ricardo Gonçalves, junto com a professora Élida Rabelo, foram muito parceiros e tentaram solucionar as dificuldades que a assessoria tem. Tanto que ao passar do tempo as coisas foram caminhando. Esse apoio institucional foi primordial.

A gente precisa encontrar novas formas de se organizar institucionalmente, de captar recursos, de captar apoio estratégico, ainda que pra uma ação específica ou outra. Sem esse apoio a assessoria não consegue avançar. Como profissional temos a necessidade de que o trabalho avance. Acredito que não exista profissional feliz em ficar no mesmo trabalho diário. É um grande desafio todos os dias... uma matéria diferente, um tema complexo que a gente mal entende e tem que estudar para poder escrever. É muito bom, mas precisa ter uma estrutura que funcione.

ACBio: E o ICB? Como era o ICB de 10 anos atrás? Mudou muita coisa? O que mais te marcou nesses anos? Alguma cobertura especial? Alguma matéria de destaque? Algum furo de reportagem?

Marcus Vinicius Dos-Santos: O que mudou muito foi o reconhecimento da importância da comunicação, a adesão dos professores a dar entrevistas, por exemplo. Quando cheguei eu não conseguia os números dos celulares deles, porque os celulares são pessoais. E as pessoas não queriam me dar, ficavam com medo do que eu ia fazer. E hoje nós já temos acesso mais de uma centena de números. Muito provavelmente por causa da pandemia. Ela contribuiu muito pra que as pessoas percebessem a necessidade de comunicar com a sociedade o que a universidade faz.

DSC 9544Tem outras coisas que eu queria falar. Primeiro dos colaboradores. A primeira estagiária que eu tive foi a Sara Dutra, 2015. Foi muito marcante, porque senti assim: nossa chegou mais um. Eu fiquei feliz. A Sara foi aquela estagiária “pau pra toda obra”. Fez programa de rádio, escreveu, contribuiu muito. Isso ajuda a manter o pique, né? Quando a gente arruma um colaborador que se envolve na causa. Outro estagiário que ajudou muito foi o Anderson Rodrigues, estudante da Biologia. Ele foi o designer que criou o símbolo do ICB, nos ajudou a fazer um avanço na questão estética dos produtos que a gente tinha. Foi muito estratégica a colaboração dele. Todos os estagiários que por lá passaram contribuíram muito e têm uma importância muito grande. Eu quero ainda reforçar, e gostaria que você mantivesse no texto, a chegada da jornalista Dayse Lacerda e do editor de vídeos Henrique Castanheira. Isso foi uma grande vitória, não só porque ela me ajudou muito, mas principalmente porque a diretoria entendeu que era necessário, que não dá pra fazer comunicação de um instituto desse tamanho com um jornalista e um estagiário. Dá pra fazer alguma coisa, mas não dá pra fazer o essencial. Foi extremamente importante para a gente ir pra internet e ir com conteúdo mais agradável, mais relevante. É importante registrar, porque sozinho nenhum de nós faz nada.

Um momento legal aconteceu durante a pandemia. Pela primeira vez uma notícia nossa foi veiculada no Leste Europeu, um país em cujo idioma não sou capaz de dizer uma palavra. O jornalista conversou comigo em Português. Achei que ele ia fazer a matéria em Inglês e ele fez na língua original. A gente não consegue entender, mas traz aquela a percepção de onde nosso trabalho pode chegar. Chegou muito longe. Então, chamo a atenção para outro ponto. A Assessoria de Comunicação precisa de um tempo. Não dá para ficar produzindo, produzindo, escrevendo, escrevendo, e fazendo as mesmas coisas. Tem que ter tempo para planejamento.

ACBio: Se vc pudesse voltar no tempo, você faria algo diferente?

Marcus Vinicius Dos-Santos: Provavelmente, faria. Mas eu não sei te dizer o quê? O que me fez muita falta foi recursos. Eu não sei te dizer o que eu poderia fazer pra alcançar mais recursos. Sinceramente, o que eu podia ter feito, eu sempre tentei.

ACBio: Imagino que tenha muitas. Afinal, você foi criado aqui, sua história de vida se confunde com sua história profissional, passou momentos de sua infância nesses corredores, inclusive, quase colocou fogo em um dos laboratórios (risos), mas... qual a recordação especial você leva do ICB no coração?

Marcus Vinicius Dos-Santos: Ah, menina, que pergunta difícil! Eu não tenho um fato. O que eu levo no coração, de verdade, é um sentimento de gratidão pelo respeito, pela confiança, que as diretorias tiveram com o meu trabalho. É uma coisa que me acalenta a alma.

Eu gosto muito de uma frase que diz que o mais importante é o caminho. Não necessariamente a gente alcançar alguma coisa, porque o caminho é bem recheado de alegrias, de sentimentos.

Eu sou filho de dois servidores do ICB, meu pai e minha trabalharam no ICB. Minha mãe foi da Sessão de Pessoal, ainda na Faculdade de Medicina. Quando o ICB veio para a Pampulha, minha mãe não veio, porque tinha três filhos pequenos. Ela preferiu ficar nas unidades centrais e foi para a escola de Arquitetura. Quando eu era criança, quem me deu minha primeira cueca foi o professor Beraldo, então chefe do meu pai. Então, quando eu cheguei eu tinha esse sentimento de pertencimento, embora mal tivesse vindo nesse prédio antes, exceto as pouquíssimas vezes em que visitei meu pai. Então, uma coisa que gostei muito é desse fato do meu pai ter trabalhado aqui e eu ter vindo trabalhar aqui também. Tenho colegas que me chamam de Darcizinho. Dar continuidade ao legado dele, eu acho isso bom.

ACBio: Aquela que não pode faltar: qual a recomendação pra quem chega para continuar o seu trabalho?

Marcus Vinicius Dos-Santos: Não dá para dizer que a receita de fulano, cicrano, é melhor. É outra. Eu recomendaria paciência, porque as coisas demoram; persistência, porque uma hora sai; dedicação e compromisso. Que aproveite a sua estada, a sua passagem, o seu caminho, porque a gente aprende muito todos os dias. As ciências da vida também são úteis nosso dia a dia. E a gente ouve isso direto da fonte. Tem um dito assim: o maior objetivo da vida é aprender. Então, curta a temporada!

CURRÍCULO

Marcus Vinicius Dos-Santos (http://lattes.cnpq.br/8380189425812814) é um jornalista mineiro, doutor em Biologia Celular e mestre em Medicina Molecular. Atua na área de Ciências da Vida desde 1996.

CT MEDICINA MOLECULAR

Inaugurado em 2011 para consolidar em Minas Gerais um polo de desenvolvimento da tecnologia de PET/CT, o CT Medicina Molecular atua em colaboração com o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN). Considerado um centro de excelência em pesquisa na área de imagem molecular, este CT realiza pesquisas e exames em campos diversos como a oncologia, a cardiologia, a psiquiatria e a neurologia.

Entrevista: Dayse Lacerda - jornalista na ACBio
Fotos: Henrique Castanheira

Foto para a notíciaFonte: Instagram @outubrorosapetProjeto busca tratar cadelas e gatas de três estados diferentes

A prevenção e o diagnóstico precoce da neoplasia mamária nos animais de estimação são o foco do evento anual promovido pelo Laboratório de Patologia Comparada (LPC) do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, o Outubro Rosa pet. Em 2023, ele vai ocorrer neste sábado, dia 28 de outubro, em Minas Gerais, Santa Catarina e no Ceará.

Idealizada pelo professor Geovanni Cassali, do Departamento de Patologia, a campanha investe, desde 2014, na conscientização da sociedade sobre a importância da prevenção do câncer de mama em cadelas e gatas. Durante o evento, os animais são examinados, e os tutores recebem orientação quanto à palpação das mamas dos animais para identificação precoce da neoplasia. Em 2022, foram atendidos 167 animais, e cerca de 500 tutores receberam informações.

Locais de exame

As instituições mineiras que participam são Escola de Veterinária da UFMG, PUC Minas (unidades Betim e Praça da Liberdade), Newton Paiva (Rua Marechal Foch, 15), Faculdade Arnaldo (Praça Arnaldo Janssen, 200), UNA Liberdade (Praça da Assembleia – Avenida Olegário Maciel) e Linha Verde (Avenida Cristiano Machado, 11.157), Unipac/Lafaiete (Rodovia MG 482 – Gigante) e Universidade Federal de Uberlândia.

Além de Minas Gerais, a campanha alcança, neste ano, os estados do Ceará (Universidade Estadual do Ceará e Unichristus) e de Santa Catarina (Lessie Análises Veterinárias e Nexio Patologia Veterinária).

Mais informações estão disponíveis na cartilha produzida pelo projeto.

Serviço

Outubro Rosa pet – Campanha de conscientização
Data: 28 de outubro de 2023
Locais diversos

medieval 569665 1280Pesquisadora do departamento de Química se une ao INCT Leveduras para investigar processo fermentativo da bebida considerada “sagrada” no passado pelos povos nórdicos

Tradicional na cultura nórdica, mas ainda pouco consumida no Brasil, uma mistura de mel, água, leveduras e nutrientes – o hidromel começa a ganhar importância no cenário econômico de bebidas fermentadas. Desenvolvido por pequenos produtores artesanais, o produto já é vendido no exterior e tem potencial para gerar ainda mais benefícios econômicos para o país.

Num contexto de legislações ainda pouco descritivas, a valorização do hidromel depende, entretanto, da qualidade e da padronização da sua produção, entre outros fatores, explica Ludmilla Sousa Lopes (http://lattes.cnpq.br/0874509043342728), doutoranda do Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais.

“Para isso, é necessário desenvolver métodos analíticos avançados de quantificação de etanol e acidez volátil presente na bebida”, aspecto que se tornou objeto de um estudo que ela desenvolve em parceria com o laboratório sede do INCT Leveduras no Instituto de Ciências Biológicas, coordenado pelo biólogo e professor Carlos Rosa.

O processo fermentativo é outro aspecto da investigação realizada por Ludmilla Lopes, sob a orientação do professor Bruno Gonçalves Botelho. “Buscamos compreender a influência de algumas frutas brasileiras, tipos de méis e diferentes cepas de leveduras na cinética de fermentação e nos atributos sensoriais do hidromel”, completa. Para alcançar seus objetivos, a pesquisadora faz uso de técnicas como a cromatografia gasosa visando à caracterização do hidromel.

VINHO DE MEL

O hidromel é uma bebida que, de acordo com a legislação brasileira, possui uma graduação alcoólica que varia entre 4% e 14%. “Se você pensar no processo de produção, é bem parecido com o que acontece na fabricação do vinho, só que, em vez de uvas, usamos o mel como ingrediente principal, e, por conta dessa semelhança, o hidromel também é bem conhecido por “vinho de mel", descreve Ludmilla Sousa Lopes.
A “magia” do hidromel está na sua versatilidade, pois é possível incorporar uma infinidade de ingredientes adicionais, como frutas, ervas e especiarias, durante o processo de fermentação. Essas adições proporcionam uma riqueza de aromas e sabores que resultam em diferentes estilos. A combinação dos elementos, juntamente com fatores como o tipo de levedura utilizada e o tempo de fermentação, permite que os produtores criem uma ampla gama de variações da bebida, desde as mais doces e frutadas até as mais secas e complexas.

PROCESSO PRODUTIVO

O processo de produção do hidromel em si é bem simples, começa com a diluição adequada de mel em água, a adição de nutrientes, a inoculação das leveduras, além de possível adição de outros ingredientes que agregam características sensoriais à bebida . A partir daí é só acompanhar o processo de fermentação em temperaturas controladas e realizar as etapas posteriores de clarificação e maturação.

Segundo Ludmila Lopes, o mel, principal componente da bebida, contém uma variedade de compostos com propriedades antioxidantes o que, agrega ao hidromel potenciais propriedades benéficas para o metabolismo humano. Apesar de suas propriedades promissoras, a pesquisadora afirma que o mel, muitas vezes, é considerado uma matriz deficiente em nutrientes essenciais para as leveduras.

“Consequentemente, um dos maiores problemas enfrentados por produtores de hidromel são as fermentações lentas ou paralisadas, além de elevados tempos de maturação”, ressalta. Na literatura, a maioria dos trabalhos tem se concentrado em diferentes tecnologias para a melhoria dos parâmetros de produção do hidromel.

LUA DE MEL

Uma das curiosidades sobre o hidromel vem da antiga tradição nórdica. Os casamentos eram celebrados com abundantes quantidades da bebida. O seu consumo durante as festas simbolizava a doçura e a felicidade do novo casal. Além disso, era comum que os recém-casados bebessem hidromel durante o primeiro mês de casamento (durante uma lua), o que, ao longo do tempo, deu origem à expressão "lua de mel", utilizada até hoje.

Redação: Dayse Lacerda - jornalista na ACBio

Foto.SaraBernardes.BrunaBruna Santos e Sara Bernardes vão iniciar nova fase voltada para identificar também novos biomarcadores de prognóstico e alvos terapêuticos para auxiliar no tratamento do melanoma.Bolsa de mérito acadêmico vai custear apresentação de resultados parciais de pesquisa de doutorado em Patologia do ICB UFMG no principal evento mundial sobre melanoma, no início de novembro

“Identificação de lipídeos envolvidos na progressão do melanoma cutâneo” é o título do trabalho, de Bruna Nathália Santos, aluna do programa de pós-graduação em Patologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) UFMG, que terá seus principais resultados parciais apresentados no início de novembro, na Filadélfia, Estados Unidos, durante o 2023 Society for Melanoma Research Congress, um dos maiores eventos do mundo nesse campo.

O melanoma é um câncer de pele extremamente agressivo, embora raro, que começa nos melanócitos, as células que produzem pigmentos da pele. Apesar de sua gravidade e de todos os avanços da ciência, ainda não existem tratamentos efetivos para essa doença. Segundo Bruna Santos, que é biomédica, mesmo com os medicamentos mais modernos, é comum que o tratamento farmacológico não ter a resposta esperada, o que mostra a relevância de serem encontrados novos alvos terapêuticos para essa doença.

Embora as alterações no metabolismo energético das células cancerosas tenham sido descobertas há mais de 100 anos, somente com o advento das “ômicas”, mais recentemente, é que tornou possível o uso da caracterização de lipídeos e suas funções no câncer.

Os lipídeos são biomoléculas compostas por carbono, oxigênio e hidrogênio -- ou hidrocarbonetos --, que constituem os blocos de construção da estrutura e da função das células vivas. Exemplo dessas moléculas são as gorduras, as vitaminas A, D, E e K, o colesterol, os hormônios e boa parte da membrana que recobre as células.

Nesta pesquisa, a partir de amostras cedidas pelo Banco Nacional de Tumores, do Instituto Nacional do Câncer (INCA), foram identificados e quantificados os lipídeos mais abundante nos tumores de melanoma, constituintes dos compartimentos e subcompartimentos celulares em 77 amostras de melanoma cutâneo.

Por meio de técnica de cromatografia líquida associada à espectrofotometria de massa, foi possível analisar diversas substâncias, com ampla caracterização de polaridade e massa molecular. “Assim foi possível identificar classe e espécies de cerca de 300 lipídeos por amostra, os quais foram submetidos a análises de bioinformática”, conta a orientadora da pesquisa, Sara Santos Bernardes, professora do departamento de Patologia Geral do ICB.

O PAPEL DOS LIPÍDEOS

A professora explica que durante a progressão do câncer ocorre a reprogramação do metabolismo lipídico, para suprir as demandas celulares. A proliferação desordenada das células tumorais exige mais lipídeos para formar as organelas e as membranas celulares. Para os processos de proliferação, migração e invasão celular há o aumento do consumo de energia química. “Alguns estudos já mostraram que o perfil lipídico do melanoma difere de acordo com a capacidade de invasão da lesão. Dessa maneira, compreender o metabolismo lipídico em tumores de melanoma pode abrir caminhos para descoberta de novos alvos terapêuticos”, esclarece Sara Bernardes.

Até agora foi possível mostrar que a presença de alguns lipídeos - como fosfaditiletanolamida e ésteres de colesterol - se relacionam com uma redução na sobrevida global dos pacientes em um período de cinco anos, considerando este tempo como a média de vida de pacientes após a remoção cirúrgica do tumor avaliado. Os próximos passos envolvem a exploração das vias metabólicas dos lipídeos relacionados com um pior prognóstico da doença em modelos experimentais in vitro e in vivo, para tentar identificar também novos biomarcadores de prognóstico e alvos terapêuticos para auxiliar no tratamento do melanoma.

PARCERIAS E CONVÊNIOS

Sara Bernardes faz questão de destacar a importância das parcerias científicas para o desenvolvimento da pesquisa, que continua sendo realizada. Além da equipe do ICB, o trabalho tem também a colaboração de Patrícia Abrão Possik e Marco Pretti, do Instituto Nacional de Câncer (INCA), assim como de Sayuri Myamoto e Marcos Yukio Yoshinaga, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ USP).

Os recursos necessários para cobrir as despesas de inscrição, viagem, hospedagem e alimentação para apresentar o trabalho foram garantidos pela comissão organizadora do próprio congresso, por meio de uma bolsa financeira baseada em mérito acadêmico, ou grant. Na sequência da pesquisa, a parte experimental, tem o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig).

 

Redação: Marcus Vinicius dos Santos – Jornalista ICB UFMG

 

premioteses1Fábio Delolo, Priscila Musa e Guilherme Miranda ganharam o Grande Prêmio em suas respectivas áreas Foto: Foca Lisboa | UFMGFábio Delolo, Priscila Musa e Guilherme Miranda ganharam o Grande Prêmio em suas respectivas áreas Foto: Foca Lisboa | UFMG

Guilherme Miranda (na foto, à direita) venceu na área de Ciências Agrárias, Ciências Biológicas e Ciências da Saúde, dentre 27 concorrentes na mesma categoria

O pesquisador Guilherme Miranda, do Programa de Pós-graduação em Parasitologia, do Instituto de Ciências Biológicas, recebeu o Grande Prêmio de Teses da UFMG 2023, na área de "Ciências Agrárias, Ciências Biológicas e Ciências da Saúde".

A cerimônia de revelação dos premiados foi realizada na noite desta quarta-feira, 25 de outubro, no auditório da Reitoria, como parte das atividades da 32ª Semana do Conhecimento.

Além do trabalho do ICB, foram selecionados também, em duas outras categorias, Fábio Godoy Delolo, do curso de Química, na área de "Ciências Exatas e da Terra e Engenharias", e Priscila Mesquita Musa, do curso de Arquitetura e Urbanismo, na área de "Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas, Linguística, Letras". Este ano foram indicadas 62 pesquisas de doutorado, por seus respectivos programas de pós-graduação. A seleção dos vencedores, em cada uma das grandes áreas do conhecimento, foi feita por Comissão instituída pela Câmara de Pós-graduação da UFMG.

AVANÇO NO COMBATE À ESQUISTOSSOMOSE

Orientado pela professora Deborah Aparecida Negrão-Corrêa, “Caracterização morfológica, genética, parasitológica e imunopatológica de um isolado de Schistosoma mansoni obtido do roedor silvestre Holochilus sciureus", descreve o processo de isolamento da linhagem HS do parasito Schistosoma mansoni, o agente etiológico da esquistossomose, doença parasitária responsável por elevadas taxas de mortalidade e morbidade em humanos.

De forma comparativa o pesquisador avaliou aspectos morfológicos e genéticos do parasito isolado, além da cinética parasitária e da resposta imunopatológica induzida pela linhagem HS e pela linhagem LE (originalmente isolada de humano) durante infecções experimentais em camundongos BALB/c e caramujos Biomphalaria glabrata. Os dados da pesquisa demonstraram que esses camundongos e caramujos suportam a manutenção de S. mansoni isolado de H. sciureus em condições de laboratório.

Além do ser humano, algumas espécies de roedores silvestres também são suscetíveis ao parasito, e as sucessivas infecções nesses animais podem favorecer a seleção de novas linhagens de S. mansoni, cujo impacto na morbidade, transmissão e controle da esquistossomose ainda é desconhecido. “A partir desse conhecimento, foi possível caracterizar o perfil genético da linhagem HS e demonstrar que ela apresenta características morfológicas próprias e padrões parasitológicos e imunopatológicos diferenciados que podem favorecer sua transmissão e induzir maior gravidade da esquistossomose”, explica o pesquisador na sinopse do trabalho.

HOMENAGENS

O evento foi marcado por homenagens, como a que foi feita pela professora Isabela Pordeus, pró-reitora de Pós-graduação, ao egresso Gustavo Henrique de Matos Pereira, doutor em Odontologia pela UFMG. Outro destaque foi a homenagem à servidora Zélia Pires da Silveira, da área administrativa da Pró-reitoria de Pós-graduação, que se aposentou depois de 35 anos de dedicação à UFMG.

Na ocasião, a pró-reitora Isabela Pordeus traçou um breve diagnóstico da pós-graduação da UFMG, composta por 90 programas - 11 na modalidade profissional e 79, na acadêmica. Ela destacou que na última avaliação da Capes, a UFMG teve 75% de seus programas (mestrado e doutorado) considerados de excelência. “Isso distingue a UFMG de outras instituições”, afirmou, destacando a “relevância, o impacto e o conhecimento gerado por elas”.

Para mostrar o quanto o conjunto dos trabalhos está sintonizado com as questões contemporâneas, Pordeus leu alguns títulos de teses premiadas em áreas como ciências de alimentos, saneamento e recursos hídricos, economia e ciência política, afeitos ao tema da Semana do Conhecimento – Desenvolvimento sustentável e democracia na era na Inteligência Artificial.

RESPONSABILIDADE DE CADA UM

premioteses2Sandra Goulart - Em seu discurso, Sandra Goulart estendeu a homenagem às gerações que construíram a pós-graduação na UFMG - Foto: Foca Lisboa/UFMGPresidindo a mesa de honra, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida lembrou que, por trás da concepção do prêmio, criado em 2006, “reside um histórico, uma herança institucional, que remonta a sucessivas gerações", afirmou, lembrando ainda que essas gerações se empenharam em construir a pós-graduação na UFMG e “consolidar os vários programas nas mais diversas áreas do conhecimento”.

Ainda na visão da reitora, a homenagem aos autores das melhores teses defendidas em 2022 deve ser estendida a “todos e todas que construíram esta história e este legado do qual tanto nos orgulhamos”. Ela chamou a atenção para a responsabilidade de toda a comunidade da UFMG – servidores docentes, técnico-administrativos e estudantes – pela construção de “uma universidade pública de qualidade e de relevância, respeitada por seus pares, pela seriedade, compromisso e dedicação ao ensino e à produção, divulgação, transmissão de conhecimentos e pela interação com outros saberes, sempre de forma diversa e cada vez mais relevante para a sociedade”.

Ao se dirigir aos agraciados com o Prêmio UFMG de Teses, Sandra Goulart os qualificou como “modelos de dedicação, tenacidade e superação”, “exemplos significativos das possibilidades oferecidas pela Universidade e de seu compromisso com uma educação pública e gratuita, de qualidade e de relevância, em sintonia com os desafios do nosso tempo”, afirmou.

Ela também lembrou os desafios, voltando a citar os recorrentes cortes de recursos que atingem não só as universidades públicas, mas também as agências de fomento. A reitora classificou a luta por recursos para as universidades públicas e para a área de pós-graduação e pesquisa como incansável: “Investimentos! Não gastos!”, salientou.

 

Redação: Marcus Vinicius dos Santos, exclusivamente com informações da Agência de Notícias da UFMG e fotos de Foca Lisboa - UFMG.

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