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Fernando era vinculado à pós-graduação em Zoologia e se destacava pelas pesquisas sobre conservação de abelhas e biodiversidade

Uma nova espécie de abelha, descrita em artigo publicado na revista EntomoBrasilis, recebeu o nome do professor vinculado à Pós-graduação em Zoologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB UFMG), Fernando Amaral da Silveira, que morreu no ano passado. A homenagem foi feita por alguns de seus colegas, incluindo o professor Thiago Mahlmann Lopes, doutorando no Programa de Pós-graduação em Entomologia do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA-AM).  Assim, a nova espécie de abelha se chamará Ceratina (Calloceratina) silveirai - Mahlmann & Oliveira, 2023.

“O professor Fernando foi uma pessoa maravilhosa, sempre nos encantando com seu conhecimento ímpar, particularmente, em relação às abelhas”, relembra Thiago Mahlmann. “Resolvemos homenageá-lo dando o nome de uma nova (e belíssima) espécie! Queremos com isso, eternizar o nome daquele que tanto fez pela ciência brasileira!”, afirma.

DUAS NOVAS ESPÉCIES

Em “Taxonomia de espécies sul-americanas de Ceratina (Calloceratina) Cockerell, 1924 com comentários sobre novos grupos de espécies propostos para este subgênero (Hymenoptera: Apidae: Xylocopinae)”, os pesquisadores descrevem e ilustram duas novas espécies do gênero Ceratina (Calloceratina) Cockerell, 1924. As espécies novas Ceratina (Calloceratina) mourei e as espécies novas Ceratina (Calloceratina) silveirai formam o grupo de espécies silveirai, um conjunto muito distinto dentro do subgênero C. (Calloceratina)

A taxonomia dessas espécies sul-americanas foi abordada, sendo redescritas e ilustradas as espécies Ceratina (Calloceratina) chloris (Fabricius, 1804) e Ceratina (Calloceratina) triangulifera Cockerell, 1914, propondo para elas o grupo de espécies chloris. O diagnóstico para o subgênero Calloceratina é apresentado e também é proposta uma chave de identificação para as espécies sul-americanas.

ABELHAS E BIODIVERSIDADE

O professor Fernando Amaral da Silveira morreu no dia 7 de agosto de 2022. “Ele foi um dos grandes responsáveis por alavancar a taxonomia de abelhas no Brasil”, segundo Thiago Mahlmann. 

Fernando era um dos líderes do Laboratório de Sistemática de Insetos e  trabalhava com abelhas ameaçadas de extinção, a fim de entender aspectos como a flutuação da abundância e da riqueza de espécies desses insetos. Há cerca de 13 anos, o professor descobriu, na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, uma nova espécie de abelha, a Actenosigyne mantiqueirensis. 

À época, havia apenas outra espécie desse gênero conhecida (a Actenosigyne fulvoniger, endêmica no Brasil e encontrada no sul do país). Um tempo depois, uma terceira espécie foi descoberta no Parque do Itatiaia, no Rio de Janeiro.

Silveira era descrito pelos colegas como bem-humorado, socialmente orientado, crítico e sensível. “Sempre encantando com sua paciência”, descreve Thiago Mahlmann. Além de diversos textos científicos, ele publicou quatro livros de literatura: Encruzilhadas (2016), Contos de outros mundos (2017), Espelho virtual (2019) e Cândida e outras vidas (2022). Antes de morrer, trabalhava em um livro de contos e em uma novela.

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