Duas cientistas do ICB foram condecoradas no Simpósio que ocorreu na UFRJ
Daniela Reis, técnica do laboratório de citometria de fluxo do Centro de Laboratórios Multiusuários (CELAM) do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG (ICB-UFMG), recebeu uma menção honrosa no III Simpósio Nacional de Nanobiotecnologia, pela sua pesquisa em amplificação do sinal de fluorescência por nanopartículas de ouro aplicadas à citometria de fluxo. A servidora atua na captura e análise de dados biológicos como suporte a pesquisadores, professores e técnicos da comunidade acadêmica e externos à UFMG.
“Pra mim o destaque foi uma surpresa, principalmente por ser técnica”, afirma Daniela. Sua pesquisa gerou um depósito de pedido de patente em 2020. Com resultados promissores, ela decidiu levá-lo ao simpósio. “Espero que sirva como incentivo para outros colegas”, afirma. Para Daniela, o trabalho de seus pares do ICB-UFMG foi fundamental para a conclusão da pesquisa, recebendo apoio de diversos outros membros da instituição.
O artigo, publicado no repositório institucional da UFMG, encontra formas de melhorar a detecção de fluorescências por meio da amplificação do sinal. Esse tipo de melhoria pode tornar mais eficiente e esclarecedor o processo de análise de estruturas celulares em futuras pesquisas.
A pós-doutoranda do laboratório de Biologia Celular do departamento de Morfologia, em colaboração com o departamento de Física da UFMG, Lidia Maria de Andrade, também recebeu uma menção honrosa no mesmo evento por sua pesquisa em células que afetam a laringe. Por fim, Daniela destaca a relevância desse prêmio e do trabalho dos membros da instituição: “A Universidade ganha muito com isso, com técnicos capacitados que ajudam no desempenho das pesquisas”.
Para saber mais sobre a pesquisa, clique aqui.
O III Simpósio Nacional de Nanobiotecnologia é um evento que ocorreu no Rio de Janeiro entre os dias 8 e 10 de novembro, organizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que contou com palestras e mesa-redonda das áreas de nanossistemas para liberação de substâncias bioativas, nanodispositivos, nanomateriais e nanotoxicologia, com renomados pesquisadores da área e com representantes do setor produtivo fomentando iniciativas empreendedoras. Sendo considerado um dos maiores eventos da área em território brasileiro
Redação: Gabriel Martins - Estagiário SIGEPE
Projeto é 100% gratuito e conta com pesquisadores da Universidade de Stanford
O Clubes de Ciência Brasil (CdeC Br) anuncia a abertura das inscrições para sua edição de 2024. Esta organização voluntária tem como missão fomentar o interesse científico em jovens através de oficinas e mentorias, conduzidas por pesquisadores renomados de instituições de ensino globais.
Como Funciona o Programa?
Oficinas científicas de cinco dias, realizadas durante as férias de Janeiro. Na UFMG, as atividades serão de 15 a 19 de janeiro de 2024. Os participantes escolhem entre cinco clubes temáticos:
1. Biologia Sintética: Programando Organismos Vivos;
2. Nanobiotecnologia: Explorando o Nanoverso;
3. Enfrentando epidemias;
4. Imunologia de Mucosas: Entendendo como funciona o seu intestino (e as bactérias que vivem nele);
5. Medicina Regenerativa: Healing the body through polymers, ministrado em inglês e português, com professores de Stanford.
Também serão sediadas oficinas na UFPE e na PUCPR, contando com oficinas de robótica, programação, nanotecnologia, sustentabilidade, epidemiologia, entre outros.
Atividades e Público-Alvo
O evento é direcionado a alunos do ensino médio e dos primeiros semestres da graduação, com até 21 anos. Além dos clubes, haverá atividades diversas sobre temas científicos, como mentorias de carreira, oficinas interativas, palestras, rodas de conversas. Ao longo dos 5 dias, além de aulas sobre os temas, os alunos desenvolverão um projeto em grupo. No último dia, haverá uma feira de ideias e os melhores projetos serão premiados.
História e Impacto
Fundado em 2014 por doutorandos mexicanos de Harvard e MIT, o Clubes de Ciencia se expandiu para nove países, incluindo o Brasil em 2017. Com mais de 15 mil estudantes beneficiados globalmente, o CdeC Brasil se prepara para sua sexta edição, contando com apoio de instituições como a Universidade de Stanford e a colaboração do Prêmio Nobel de Física Frank Wilczec.
Liderança e Supervisão
Sob a liderança de estudantes, majoritariamente ex-alunos, o Clubes de Ciencia Brasil destaca-se por seu impacto significativo na formação de novos líderes no campo científico. Entre essas lideranças está o presidente da organização, Pedro Antunes Pousa, de 22 anos, atualmente cursando o quinto ano de Medicina na UFMG. Sua trajetória com o Clubes de Ciencia começou em 2017, quando participou da oficina de Células Tronco & Edição Genômica na primeira edição do CdeC Brasil. Desde então, sua jornada acadêmica o levou a prestigiados estágios internacionais, incluindo o Instituto de Células Tronco da Universidade de Harvard e a Universidade de Oxford, contando com o suporte dos mentores do Clubes de Ciência.
“Se hoje sou cientista, devo grande parte disso ao CdeC Brasil. Vivemos em um cenário onde não temos referências de cientistas para jovens e, quando fui aluno do Clubes pela primeira vez em 2017, eu de fato não tinha noção do que é ser cientista. Hoje, como coordenador do Clubes, minha maior aspiração é inspirar outros alunos que tenham medos e preocupações semelhantes aos meus, mas também que compartilhem a mesma paixão e amor pela ciência.”
Este projeto inovador recebe supervisão e orientação do professor David Soeiro, do departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, um dos fundadores do Clubes de Ciencia Brasil e ex-pesquisador da Universidade de Harvard e de Pablo Leal Cardozo, pós-doutorando do Departamento de Bioquímica e Imunologia da UFMG e ex-pesquisador da Universidade de Yale. Seus comprometimentos e expertises continuam a ser fundamentais para o sucesso e crescimento contínuo desta iniciativa.
Processo Seletivo
As inscrições estarão abertas até o dia 04 de dezembro de 2023. Com mais de 350 vagas distribuídas em 15 clubes e três sedes, o processo seletivo é gratuito e realizado virtualmente. A seleção inclui questões sobre interesse, histórico e aspirações dos candidatos. As inscrições priorizam a diversidade, incluindo reservas para alunos de escolas públicas e bonificações para estudantes trans, pretos, pardos, indígenas, de baixa renda e com deficiência.
Mais Informações
Para mais detalhes, acesse www.clubesdecienciabrasil.com.br ou siga a organização no Instagram (@clubesdecienciabrasil). Dúvidas podem ser encaminhadas para .
Treinamento visa maior autonomia de chefes e secretários de departamento no encaminhamento de propostas
Facilitar a proposição e atualização das atividades de extensão. Com esse objetivo o Centro de Extensão do Instituto de Ciências Biológicas do (ICB UFMG) está convidando chefes de departamento, secretários, membros do Colegiado, além de professores e técnicos administrativos interessados no tema para o treinamento “Desburocratizando a Extensão Universitária”.
A proposta é de que a atividade, prevista para o dia 1º de dezembro, contribua para que os usuários entendam os princípios básicos da Extensão Universitária e tenham mais autonomia no encaminhamento de suas propostas. “A capacitação é fruto da observação do processo de tramitação em nossa unidade e identificação de aspectos passíveis de melhoria”, informou a coordenadora do Cenex, professora Gleide Fernandes de Avelar.
A programação inclui apresentação de aspectos gerais da extensão, como modalidades, diferença entre pesquisa e prestação de serviços e quem pode coordenar e propor atividades. Além disso, será abordada a importância da participação de discentes, do plano de atividades, acompanhamento e avaliação do estudante membro da equipe. Serão apresentados ainda os números de atividades por departamento, o número de atividades desatualizadas e o de bolsa institucionais fomentadas.
As inscrições estão abertas a partir de hoje, no link https://encurtador.com.br/agwJX, e vão até o dia 28 de novembro. A capacitação acontecerá a partir das 14h, no Auditório Nello Rangel, Bloco K3, sala 163, com previsão de término às 17h. A coordenação do Cenex sugere que, na impossibilidade de agenda do chefe do Departamento, a participação do subchefe ou de outro representante indicado pelo Departamento.
Artigo fala sobre molécula capaz de amenizar insuficiência cardíaca; European Heart Journal é a revista com maior impacto nesta área de pesquisa
Uma publicação na European Heart Journal, assinada pela professora Ludmila Ferreira, do Departamento de Morfologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, destaca uma molécula com potencial para amenizar a insuficiência cardíaca. O periódico, dedicado à cardiologia e publicado pela Oxford University Press em nome da Sociedade Europeia de Cardiologia, recentemente, apresentou resultados de experimentos em animais, culturas de células e amostras de tecido cardíaco humano.
O estudo concentra-se em uma molécula sintética capaz de atenuar a insuficiência cardíaca em diversas cardiopatias, incluindo aquela relacionada à Doença de Chagas, linha de pesquisa iniciada por Ferreira, em 2011 no Instituto do Coração (Incor USP).
A insuficiência cardíaca é caracterizada por problemas de bombeamento do sangue pelo coração e é a doença que mais mata no mundo. Isso acontece porque as demais doenças que afetam o sistema cardiovascular tendem a evoluir para essa condição que, atualmente no Brasil, afeta cerca de dois milhões de pessoas.
Mesmo que existam tratamentos capazes de reduzir a progressão da insuficiência cardíaca, ainda não há tratamentos capazes de reverter a doença, mesmo parcialmente - em últimos casos, é possível considerar o transplante de coração.
Metodologia
No estudo conduzido pela USP foram feitos alguns experimentos para demonstrar a capacidade da molécula denominada AD-9308 de restaurar a atividade da proteína de aldeído desidrogenase 2 (ALDH2) – presente na mitocôndria (organela que gera energia para as células e tem papel central no desenvolvimento de insuficiência cardíaca).
O protótipo do composto foi originalmente denominado como Alda-1. A equipe de pesquisa observou que camundongos com insuficiência cardíaca tratados com a droga apresentavam um aumento de 40% no volume de sangue bombeado. Esse efeito era decorrente da ativação da enzima mitocondrial ALDH2.
Assim, algumas modificações estruturais foram realizadas na molécula para potencializar o efeito farmacológico e qualificá-lo como um potencial composto a ser desenvolvido. Depois de muitos testes, chegou-se à versão de número 5.591, denominada AD-9308, que ativa a enzima ALDH2 três vezes mais do que a molécula original.
Relação com a mitocôndria
A relevância deste estudo é particularmente significativa no contexto da cardiopatia relacionada à Doença de Chagas, que afeta milhões de pessoas no Brasil e em todo o mundo. Atualmente, não existem tratamentos eficazes além do transplante cardíaco para essa condição. A pesquisa liderada pela professora Ludmila Ferreira e seus colaboradores destaca-se por apresentar uma abordagem promissora na busca por alternativas terapêuticas para essas enfermidades.
A molécula AD-9308 demonstrou a capacidade de reverter o quadro da insuficiência cardíaca em experimentos com animais e amostras de tecido cardíaco humano. Essa descoberta potencialmente representa um avanço significativo na compreensão e no tratamento dessa condição, oferecendo esperança para pacientes afetados, especialmente aqueles com cardiopatia chagásica, onde as opções terapêuticas são atualmente limitadas.
Por fim, o desenvolvimento de novas terapias para combater a insuficiência cardíaca e seu impacto para a saúde pública continua a ser um desafio. Assim, este estudo investiga os mecanismos subjacentes e o tratamento potencial para os efeitos deletérios do 4-hidroxinonenal (4-HNE) na insuficiência cardíaca.
Artigo
4-Hydroxynonenal impairs miRNA maturation in heart failure via Dicer post-translational modification
Ligia A Kiyuna, Darlan S Candido, Luiz R G Bechara, Itamar C G Jesus, Lisley S Ramalho, Barbara Krum, Ruda P Albuquerque, Juliane C Campos, Luiz H M Bozi, Vanessa O Zambelli, Ariane N Alves, Nicolás Campolo, Mauricio Mastrogiovanni, Silvina Bartesaghi, Alejandro Leyva, Rosario Durán, Rafael Radi, Guilherme M Arantes, Edécio Cunha-Neto, Marcelo A Mori, Che-Hong Chen, Wenjin Yang, Daria Mochly-Rosen, Ian J MacRae, Ludmila R P Ferreira, Julio C B Ferreira.
07 de Novembro de 2023 https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehad662
Redação: Vitória Alves– Estudante de jornalismo e bolsista de Extensão
A partir de novos dados, estudo ressalta potencial desses microrganismos como fonte de bioinovação
Os conhecimentos mais importantes sobre a biodiversidade de leveduras em florestas tropicais, elaborados ao longo dos anos, agora estão reunidos em um único estudo. Um artigo de revisão em que especialistas do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Leveduras (INCT Leveduras) apresentam dados inéditos e discutem o potencial desses microrganismos como fonte de bioinovação acaba de ser publicado pela Yeast, revista científica que publica trabalhos sobre os desenvolvimentos mais significativos da pesquisa com fungos unicelulares.
“As florestas tropicais fornecem uma abundância de substratos para a colonização de leveduras, e os estudos destes ecossistemas são essenciais para compreender a diversidade genética desses microrganismos, a biogeografia, as interações com outros organismos e o papel ecológico, bem como o potencial biotecnológico”, afirma o professor Carlos Rosa, coordenador do INCT Leveduras. “Ainda assim”, lamenta, “os biomas florestais tropicais da África e da Australásia, por exemplo, continuam a ser uma fonte muito pouco explorada quanto à biodiversidade destes microrganismos”.
No artigo “Leveduras de florestas tropicais: Biodiversidade, interações ecológicas e como fontes de bioinovação”, os cientistas apresentam o estado da arte dos estudos sobre a biodiversidade destes microrganismos em ecossistemas florestais da América do Sul, América Central e Ásia, com base em trabalhos publicados e também em dados ainda não publicados. O artigo apresenta também uma visão geral das espécies descritas em florestas tropicais nos últimos 30 anos.
As florestas tropicais e biomas relacionados são encontrados na Ásia, Austrália, África, América Central e do Sul, México e muitas ilhas do Pacífico. De acordo com o estudo, “esses biomas abrangem menos de 20% da área terrestre da Terra, podem conter cerca de 50% da biodiversidade do planeta e são regiões ameaçadas e vulneráveis ao desmatamento”.
A publicação ressalta que “as florestas tropicais possuem uma grande diversidade de substratos que podem ser colonizados por leveduras, fungos unicelulares que contribuem para a reciclagem da matéria orgânica, e podem servir como fonte de alimento para outros organismos ou ter interações ecológicas que beneficiam ou prejudicam plantas, animais e outros fungos”. Esses microrganismos têm sido cada vez mais utilizados em aplicações biotecnológicas como a produção de alimentos, bebidas, biocombustíveis e medicamentos.
Os cientistas consideram existir várias lacunas no conhecimento sobre a biodiversidade de leveduras nos biomas de florestas tropicais. “Esperamos que a leitura do artigo possa incentivar novos pesquisadores a estudar leveduras em habitats inexplorados, com foco na descoberta de novas espécies e seu papel nos ecossistemas, nos fatores que influenciam a estrutura das comunidades de leveduras e na exploração desses microrganismos para fins de bioinovação.”
O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia - Leveduras: Biodiversidade, preservação e inovações biotecnológicas (INCT Leveduras) é uma rede de pesquisa com sede no Instituto de Ciências Biológicas da UFMG. Seu principal objetivo é gerar conhecimento sobre as leveduras da biodiversidade brasileira e, a partir do estudo desses microrganismos, promover inovações biotecnológicas consideradas estratégicas para o desenvolvimento sustentável.
Yeast é uma revista de microbiologia publica artigos e revisões sobre os desenvolvimentos mais significativos em fungos unicelulares, incluindo métodos inovadores de ampla aplicabilidade. Os tópicos incluem bioquímica, biologia molecular, taxonomia, biotecnologia, desenvolvimento, genética, patobiologia e muito mais.
Leveduras de florestas tropicais: Biodiversidade, interações ecológicas e como fontes de bioinovação
Carlos A. Rosa, Marc-André Lachance, Savitree Limtong, Ana RO Santos, Melissa F. Landell, Andreas K. Gombert, Paula B Morais, José P. Sampaio, Carla Gonçalves, Paula Gonçalves, Aristóteles Góes-Neto, Rosângela Santa Brígida, Marlúcia B. Martins, Daniel H. Janzen, Winnie Hallwachs
3 de novembro de 2023 https://doi.org/10.1002/yea.3903
Redação: Dayse Lacerda - jornalista na ACBio