O supercomputador Sagarana, além de homônimo da obra de Guimarães Rosa (FOTO), é um Cluster, ou conjunto computacional. Na pratica é um computador que controla diversos outros, chamados de “nós” do sistema. As máquinas trabalham em conjunto, com o intuito de processar uma tarefa, ou mais, dividindo atividades de processamento simultaneamente, como se fosse um só equipamento.
Cada um dos computadores do conjunto é um “nó”, todos coordenados por um computador controlador e capazes de processar dados centenas de vezes mais rápido que um computador tradicional de mesa, com milhares de vezes mais memória e duzentas vezes mais armazenamento.
Além do cluster Sagarana, o Centro de Processamento de Alto Desempenho (CPAD) do ICB hospeda outras duas máquinas: Sarapalha, que funciona como porta de entrada e servidor para transferência de arquivos, e Bioinfo, que tem este nome por que operará um portal para ferramentas de bioinformática desenvolvidas no Instituto.
São máquinas de 24 e 36 núcleos respectivamente, com 64 Gb de memória RAM e 12 Tb de HD. O “rack” SGI também hospeda dois servidores Dell similares à Sarapalha, que já tinham sido adquiridos pelo Instituto.
Em Veredas, o supercomputador já existente na UFMG, onde o objetivo é computar muitas tarefas em paralelo, os nós são “magros”, cada qual com 8 oito núcleos e 16 Gb de memória RAM. No total são 842 núcleos.
Já Sagarana tem os nós “gordos”, e não são todos idênticos. Existem nós com 64 núcleos e 512 Gb de memória RAM e um nó especial, para montagem de genomas, com 256 núcleos e 2048 Gb de memória RAM. São 596 no sistema completo, e são quase 300 Tb de HDs. Localizado no bloco N, no primeiro andar, no mesmo local do CPAD será instalado também o Setor de Informática do Instituto.
A ESCOLHA DO NOME
João Rosa (FOTO), como era conhecido nos tempos de juventude, quando cursou Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais, inicialmente clinicou em cidades do interior mineiro, e, posteriormente, dedicou-se à arte de escrever, quando passou a ser o consagrado Guimarães Rosa.
Entretanto, nunca abandonou suas raízes na ciência. “Por isso, por sua mineiridade, mas também por sua internacionalização, tão importante para a ciência, João Rosa, filho da UFMG, inspirou o batismo dos dois sistemas de processamento de alto desempenho de informação, Veredas e, agora, Sagarana”, explica o professor Miguel Ortega, coordenador do CPAD e subcoordenador do Programa de Pós-graduação em Bioinformática do ICB.
Segundo o professor, assim como a obra de Guimarães Rosa alberga informação médica em sua literatura, “agora a informação que reside nos sistemas biológicos pode ser lida com intensidade”.
No dia 14 de outubro, por volta das 17h, logo depois da solenidade de abertura, o professor Eugênio Marcos Andrade Goulart, da Faculdade de Medicina da UFMG, autor do livro "O viés médico na literatura de Guimarães Rosa", fala sobre a vida e a história do escritor mineiro. Haverá sorteio de alguns exemplares do livro, cuja edição, comemorativa dos 100 anos da Faculdade de Medicina, está esgotada.
COMUNIDADE CIENTÍFICA: MESMO IDEAL
O Centro de Processamento de Alto Desempenho (CPAD) do ICB é fruto do trabalho de muita gente. Os equipamentos foram financiados por meio de dois projetos Capes “Equipamentos Multiusuários”, coordenados pelo Núcleo de Apoio à Pós-graduação do ICB.
Com apoio das gestões dos diretores Tomaz Aroldo da Mota Santos, inicialmente, e decisiva participação da atual, Andréa Mara Macedo, o projeto físico do CPAD foi elaborado por profissionais de diferentes áreas, com todos os requintes e avanços possíveis. “Talvez este seja o nosso valor mais precioso”, avalia Miguel, lembrando que o projeto é muito elogiado pelos especialistas de sua área.
A energia e a refrigeração no local também são de ponta. Todo o sistema conta com “nobreak” capaz de manter o equipamento em operação por até 24 horas na ausência de energia, mas principalmente assegura voltagem estável, necessária para preservação e bom desempenho das máquinas.
Com autorização da Capes, redes de Biologia Computacional cederam recursos que seriam usados para compra de servidores isolados, para adquirir os equipamentos de refrigeração especiais, que mantêm a CPD constantemente a 22C. Segundo a fabricante, SGI, esses investimentos são essenciais para a durabilidade do sistema.
No Brasil, o mais avançado supercomputador voltado para a pesquisa de que se tem notícia fica no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), que é vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e custou R$60 milhões, de um total previsto de R$123 milhões.
SAIBA MAIS
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Prof. Eugênio Marcos Andrade Goulart – palestra sobre Guimarães Rosa
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Foto de Guimarães Rosa: Divulgação. Em www.minascultural.com.br