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Pesquisadores também pretendem isolar leveduras de fungos bioluminescentes

O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Leveduras (INCT Leveduras) fez sua primeira coleta em busca de novas espécies de leveduras em uma área de Mata Atlântica localizada no sul paulista. Além de ampliar os estudos sobre a biodiversidade brasileira, a bióloga Ana Raquel Santos e a farmacêutica Giovana Reis estiveram na Reserva Betary, em Iporanga, também com o interesse de obter amostras de cogumelos bioluminescentes.

“A Mata Atlântica tem uma diversidade muito grande. Sabíamos que iríamos encontrar outros substratos relacionados às nossas linhas de pesquisa, o que nos possibilitaria aumentar nossa área de cobertura”, explicou Ana Raquel Santos.

Responsável do INCT Leveduras pela coleta de amostras em diferentes biomas brasileiros, Ana Raquel revelou que o Instituto tem interesse em isolar leveduras da microbiota do fungo bioluminescente. “Já fizemos alguns trabalhos com basídeos, inclusive com a descrição de novas espécies”, afirmou. A coleta na Reserva Betary foi possível graças ao intercâmbio de informações com a equipe de pesquisa do Instituto de Pesquisas da Biodiversidade (IPBio) e à estrutura de laboratório para o pré-processamento das amostras vegetais mais rapidamente perecíveis disponível no local. Além dos fungos bioluminescentes, “em uma incursão de aproximadamente 15 minutos pela mata já foi possível coletar cascas de árvores, cogumelos silvestres, flores como lírio-do-brejo, água de bromélia e abelha Jataí e abelha-cachorro”, relatou Giovana Reis.

De acordo com a pesquisadora, a organização da expedição começou pelo menos uma semana antes, “com a estimativa de amostras a serem recolhidas e preparação dos meios de cultura, ou seja, ambientes ricos em nutrientes para crescimento das leveduras”. Algumas delas foram isoladas no laboratório da reserva e outras mantidas refrigeradas até o retorno das cientistas ao Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, sede do INCT Leveduras. 

No Laboratório de Taxonomia e Biodiversidade de Fungos, sob a orientação do professor Carlos Rosa, coordenador do INCT Leveduras, o material biológico é catalogado e, com os dados associados, é depositado na Coleção de Microrganismos e Células do Centro de Coleções Taxonômicas da UFMG, ficando disponível para outras instituições interessadas em estudá-los.

A coleta no Vale do Ribeira é importante para que o INCT Leveduras possa ampliar a área de cobertura dos seus estudos em regiões ainda não exploradas de Mata Atlântica, bioma brasileiro em rápida degradação, bem como para o conhecimento geral das leveduras do Brasil. “Já coletamos no Rio de Janeiro, Minas Gerais e em algumas regiões do Nordeste. Como é uma área diferente, temperatura, altitude e influência da vegetação do entorno fazem com que a biodiversidade de microrganismos também tenha outras carascterísticas”, explica Ana Raquel.

APRENDIZAGEM

A bióloga Ana Raquel, doutora em microbiologia, também ressalta a oportunidade de aprendizado com a coleta na Reserva Betary. “À medida que a gente vai coletando a gente vai aprendendo os melhores meios para isolamento, quais os substratos mais interessantes para cada propósito de pesquisa e aplicando esse entendimento em novas regiões”, destacou. Ana Raquel já coletou em diferentes locais do Brasil e se surpreendeu com a saída noturna em busca do cogumelo bioluminescente. “Não vi isso em outras coletas, pois geralmente saímos durante o dia, quando conseguimos visualizar a maioria dos substratos com os quais trabalhamos. Há flores, por exemplo, que só têm hábitos diurnos. Na Reserva Betary, além do cogumelo, foi possível ver os liquens nas árvores com coloração bem diferente, a partir do uso de equipamentos específicos”, ressaltou. 

No IPBio, uma das principais atividades é a oferta de trilhas guiadas para percepção da floresta durante a noite.

 

 

 

 

 

 

 

Na galeria abaixo você vê algumas imagens do trabalho realizado pelas pesquisadoras do INCT Leveduras.

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