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pexels oleksandr p 12969245Foto: Oleksandr P | Pexels

Imagens feitas por não cientistas, de várias partes do mundo, são usadas para estabelecer possíveis relações entre grupos de pássaros e seu desenvolvimento evolutivo

A cientista Clara Amaral, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais, analisou informações que foram obtidas através de sites que disponibilizam imagens registradas por pessoas não especializadas na área científica. Isso ajudou a esclarecer a capacidade de preensão das aves, ou seja, a habilidade que esses animais têm para manipular objetos com suas patas e cumprir funções, como se alimentar, transportar e até mesmo brincar com objetos. Algumas aves conseguem ter muito movimento na pata enquanto outras não possuem nenhuma habilidade.

Resultado de seu mestrado, o projeto foi orientado pelo professor Jerome Baron, do Programa de Pós-graduação de Fisiologia e Farmacologia do ICB UFMG, em colaboração com Cristián Gutiérrez, pesquisador associado da Faculdade de Ciências, área de Ciências Biológicas, da Universidade de Alberta, do Canadá.

Os resultados da pesquisa, além de ajudarem na compreensão do comportamento de preensão de diversas aves, também indicou uma possível descoberta filogenética, que busca estabelecer relações entre diferentes grupos de organismos e seu desenvolvimento evolutivo. O estudo aponta que as aves que possuem algum movimento de preensão com as patas estão dentro do grande grupo de teluraves - o qual reúne diferentes espécies de aves como papagaios, aves de rapina e pica-paus. “Seus ancestrais eram arborícolas,ou seja, viviam em árvores. Portanto, a capacidade de preensão parece estar muito associada ao estilo de vida arborícola”, afirma Clara Amaral. Ela destaca que ao longo do estudo, foram analisadas 1054 espécies, que foram categorizadas em sete níveis diferentes de habilidades com as patas.

Ao todo, foram analisadas mais de 13 mil imagens e vídeos, principalmente dos sites Macaulay Library, o maior arquivo de mídia animal no mundo, e da Wiki Aves, que contém apenas espécies brasileiras. As aves mais encontradas nas imagens foram espécies de papagaio, que também são consideradas as mais habilidosas. Clara destaca ainda, que qualquer pessoa pode enviar uma imagem para esses sites, bastando fazer o registro, identificar a espécie do animal e enviar informações adicionais junto com a foto ou vídeo.

CIÊNCIA CIDADÃ

Chamada de Ciência Cidadã, a atividade consiste na parceria entre não cientistas e cientistas. Nesse caso, através da obtenção de imagens de forma voluntária, o que foi fundamental para a produção desta pesquisa, uma ferramenta científica eficiente, que gera muitos dados com pouco investimento. “Isso me inspirou a utilizar essa abordagem científica para outros tópicos”, afirma Jerome Baron, orientador do projeto. Ele se declara impressionado com o potencial que essa colaboração entre cidadãos e pesquisadores profissionais pode alcançar, já que as imagens podem se relacionar a diversas questões, como padrões ecológicos das espécies, propagação de doenças infecciosas, tendências populacionais, monitoramento de alterações na paisagem e mudanças climáticas, por exemplo.

 

LEIA O ARTIGO

Online repositories of photographs and videos provide insights into the evolution of skilled hindlimb movements in birds
Cristián Gutiérrez-Ibáñez, Clara Amaral-Peçanha, Andrew N. Iwaniuk, Douglas R. Wylie & Jerome Baron
Communications Biology. Artigo. Acesso Livre. Publicado em 15 de ago 2023

 

Redação: Gabriel Martins - Bolsista Sigepe

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