Projeto busca ampliar o acesso de autoridades e população sul-africanas a dados epidemiológicos do país sobre diferentes doenças
O trabalho de Joicymara Santos Xavier, do programa de Pós-graduação em Bioinformática do ICB UFMG (PPGBio), recebeu o prêmio Capes de Teses 2023, na Área Ciências Biológicas I. A lista de vencedores foi publicada no dia 14 de agosto. Juntamente com outros 48 estudos, em diferentes categorias, o trabalho foi selecionado dentre 1.469 teses. Esse prêmio leva em conta os seguintes critérios: originalidade do trabalho, relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação. Segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, Capes, as melhores teses de doutorado do Brasil são premiadas com um valor de até R$3 mil reais, destinados aos seus orientadores.“Quando eu vi que meu nome estava lá eu quase caí da cadeira”, comemorou a autora.
A tese se refere ao desenvolvimento de uma metodologia que torna mais eficiente o acesso a dados e informações sobre doenças comuns à população da África do Sul, local onde a pesquisadora desenvolveu parte de seu doutorado. Segundo Joicymara, as metodologias utilizadas anteriormente não se preocupavam com a disponibilidade dos dados que os tornassem reprodutíveis e atualizados ao longo do tempo. Isso a motivou a criar duas ferramentas, a ThermoMutDB e a SARS-CoV-2 Africa Dashboard, que modificaram a forma de armazenamento, atualização e vigilância de dados biológicos.
ThermoMutDB é uma base de dados pública, administrada manualmente sobre dados termodinâmicos de proteínas. Joicymara esclarece que a base de dados usada anteriormente não estava atualizada há sete anos. Outra ferramenta, a SARS-CoV-2 Africa Dashboard, é interativa e permite a visualização e análise dos dados genômicos de covid-19 do continente africano tanto por cientistas quanto pela população, afirma Joicymara, também integrante do Centro de Resposta para Epidemia e Inovação (CERI), que identificou as variantes beta e ômicron do vírus durante a pandemia.
A autora chama a atenção para que os dados não sejam apresentados apenas para a comunidade científica, mas também para as comunidades alheias a ela: “A gente pega a sequência de covid, trata os dados, gera os metadados e transforma tudo em visualizações onde as pessoas podem interagir facilmente e fazer as análises necessárias”. Ela destacou a importância do trabalho de divulgação científica para a sociedade como um todo, dizendo que “a gente precisa, enquanto cientistas, informar o público leigo que muitas vezes são tomadores de decisão”.
Além disso, essas ferramentas já tem uma prospecção de serem utilizadas com outras doenças pelo continente africano, para expandir essa tecnologia em outras áreas. Outras instituições, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade da Flórida (UFL), já demonstraram interesse nas novas metodologias.
Para o professor Aristóteles Góes, coordenador do PPGBio, destaca a relevância que ele tem para o ICB e para a Universidade: “Isso é uma comprovação do grau de excelência acadêmica desse programa”, que é o único programa de pós-graduação em Bioinformática que possui conceito Capes 7, em todo o Brasil”. O Conceito Capes é resultado de uma avaliação dos programas de mestrado e doutorado, em que 7 é a nota máxima e demonstra padrão de qualidade e desempenho altíssimo, de nível internacional.
O coordenador também demonstrou muita felicidade com o resultado da premiação, “O simples fato de a gente ter recebido esse prêmio já foi um estímulo, uma alegria e uma motivação muito grande para todos os mestrandos e doutorandos”. Além disso, ele destaca também a boa visibilidade que isso trará para o ambiente acadêmico: “mais prestígio ao programa, a este Instituto de Ciências Biológicas e à Universidade, como um todo.”
LEIA O ARTIGO:
Nome do artigo: ThermoMutDB e SARS-CoV-2 Africa Dashboard: abordagens de ciência de dados para integração, análise e vigilância de dados biológicos
Autora: Joicymara Santos Xavier
Data de publicação: 27 de outubro de 2022
Mais informações para imprensa:
Joicymara Santos Xavier - Doutora em Bioinformática -
Aristóteles Góes Neto - Coordenador do Programa de Bioinformática ICB UFMG -
Redação: Gabriel Martins Santos, sob orientação de Marcus Vinicius dos Santos