Proposta é testar microrganismos brasileiros para obter bioinovação interessante para indústria
Em busca de matéria prima para o desenvolvimento de novos produtos biotecnológicos, pesquisadores do RISE Processum, instituto de pesquisa com sede na Suécia, estão no Instituto Ciências Biológicas da UFMG até amanhã. Eles vieram conhecer as coleções microbiológicas e apresentar possibilidades de parceria com o Laboratório de Taxonomia, Biodiversidade e Biotecnologia de Fungos e o de Microbiologia Polar e Conexões Tropicais, coordenados pelos professores Carlos Rosa e Luiz Rosa, respectivamente.
A proposta é explorar biotecnologicamente os microrganismos disponíveis para obter bioinovação que possa ser oferecida ao mercado, como novas tecnologias para tratamento de efluentes, produtos alimentícios, medicamentos e outras biomoléculas de interesse industrial, explicou o professor Carlos Rosa, curador do acervo de leveduras e bactérias da Coleção de Microrganismos e Células da UFMG.
“Existe um acervo microbiano que está literalmente intocado ou não tão explorado quanto poderia. É uma coleção única com milhares de espécies, muitas delas isoladas de regiões de condições ambientais extremas. Portanto, faz todo o sentido investigar esse enorme acervo por suas propriedades biotecnológicas e é por isso que estamos aqui”, afirmou Vaskar Mukherjee, cientista sênior no Rise Processum, especialista em biotecnologia de leveduras, biologia sintética, biologia de alto rendimento e bioinformática.
O professor Carlos Rosa, que também coordena o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Leveduras (INCT Leveduras), explicou se tratar de uma primeira visita, para conhecer as coleções e definir objetivos. “Ainda teremos uma reunião com a Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT), para estudar os termos da colaboração. Todos os acordos a serem firmados serão feitos com base na legislação brasileira de acesso e exploração da biodiversidade. Só então vamos selecionar os microrganismos, porque eles têm mecanismos para testar milhares deles ao mesmo tempo, visando o produto biotecnológico a ser desenvolvido”, esclareceu.
Payam Ghiaci, cientista sênior, líder do Centro de Alto Rendimento do Rise Processum, acredita que “se os parceiros certos trabalharem juntos com os financiadores, os pesquisadores, as empresas que estão interessadas no mercado, então há uma demanda real para isso, deve ser definitivamente possível”, ressaltou. O professor Carlos Rosa destacou que, sendo bem sucedida, a parceria vai possibilitar a geração de conhecimento e de royalties para os laboratórios envolvidos e a UFMG, além do intercâmbio de estudantes. Ele comemora a possibilidade de “enviar alunos para a Suécia com o objetivo de aprenderem dentro desse instituto que dispõe de tecnologias supermodernas para testar biotecnologicamente os microrganismos”.
Redação: Dayse Lacerda