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Pesquisador júnior também é um dos 20 brasileiros a integrar programa do Departamento de Estado dos EUA

Estima-se que menos de 5% dos estudantes brasileiros são admitidos pela Universidade de Yale para participar do programa de verão anual Yale Young Global Scholars, dos mais concorridos, oferecido por uma das dez melhores universidades do mundo. 

1202202530520914.wzI4DtuOlGfsBrjRfuNy height640Paulo Henrique Souza Marazzi Diniz, 17 anos, passará a fazer parte desse grupo seleto em julho. Aluno do 3º Ano do curso Técnico em Análises Clínicas do Colégio Técnico da UFMG (Coltec) ele é pesquisador júnior do Laboratório de Cálcio do ICB e do Liver Center UFMG (Centro de Fígado), coordenados pela professora titular Maria de Fátima Leite, do Departamento de Fisiologia e Biofísica do ICB.

O estudante irá se juntar a outros 2.400 alunos de ensino médio, de 144 países, para duas semanas de palestras, mesas-redondas e desenvolvimento de projetos. E o que é melhor: fará isso com o investimento de U$3.500, pagos pela instituição estadunidense. 

Ele também acaba de receber uma carta de aceitação da Education USA para integrar o Programa de Oportunidades Acadêmicas - Graduação da Seção de Educação e Assuntos Culturais do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América (EUA). Junto com outros 19 estudantes brasileiros, vai receber assessoria e financiamento para participar dos processos seletivos das universidades americanas, com vistas a ser admitido como bolsista.

Para ser selecionado nos programas de internacionalização, Paulo soube aproveitar as oportunidades que encontrou fora da sala de aula. “As possibilidades abertas pela escola pública federal, pela universidade pública federal e pelo programa de atividade extracurricular da instituição de fomento pública, me permitiram expandir os horizontes e chegar até aqui”, credita.

NOVOS HORIZONTES

1202202530520918.aYrrjAQURO9gBogYjNEg height640Segundo Maria de Fátima Leite, farmacêutica, pesquisadora na área de hepatologia, a história de Paulo reflete como a UFMG vem abrindo as portas para os estudantes do ensino médio e transformando a vida deles. “Em meu laboratório, recebo estudantes de escolas públicas e o fato de eles estarem envolvidos com uma pesquisa abre seus olhos para o mundo. Eles são sempre muito bem-sucedidos e acabam entrando na universidade pública”, ressalta a pesquisadora, com pós-doutorado na Universidade para a qual Paulo acaba de ser admitido.

O jovem é bolsista do Programa Institucional de bolsas de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e da Pró-reitoria de Pesquisa da UFMG (PIBIC/CNPq – PRPq) tem se destacado em sua trajetória acadêmica.

TRAJETÓRIA 

Natural de Contagem, Região Metropolitana de Minas Gerais, Paulo Marazzi é um dos quatro filhos de uma cozinheira e um dos dois filhos de um caminhoneiro. O casal não cursou ensino superior, mas batalhou para oferecer boas oportunidades de formação ao caçula. 

Ele começou seus estudos em um colégio particular do bairro Icaivera. Já o 6º e o 7º anos cursou na Escola Municipal Vereador José Ferreira de Aguiar, quando se apaixonou pelas ciências biomédicas numa aula sobre citologia. No fim do ensino fundamental, tendo passado por escolas tradicionais religiosas, estava decidido a ampliar suas perspectivas. 

“Comecei a buscar colégios que não estivessem limitados à sala de aula e ao conteúdo, nem a uma disciplina rígida, e cheguei aos institutos federais”, conta. Escolheu voltar para a escola pública, o Colégio Técnico da UFMG, “mas, para uma instituição de qualidade, com professores qualificados, laboratórios, proposta pedagógica diferenciada e acesso à universidade”, algo que, segundo ele, “nem as escolas de elite de Belo Horizonte poderiam oferecer”. 

Em 2020, ainda com 15 anos, quando Paulo havia acabado de conquistar a vaga no Coltec, as aulas presenciais foram suspensas em função da pandemia de covid-19. Depois de vários meses “sem atividades e com muito tédio”, relembra, “senti vontade de ajudar de alguma forma. Procurei voluntariados e editais de bolsas de pesquisa. Mandei e-mail para 23 professores. Recebi retorno de cinco, sendo que dois dos quais já tinham alunos selecionados”. 

Depois de um bate-papo virtual com a professora Maria de Fátima, Paulo foi trabalhar no projeto de desenvolvimento de um biossensor integrado em smartphone para diagnóstico rápido de covid-19 e elucidação da fisiologia e patologia da doença. De lá para cá, coordenou seminários de pesquisa conjunta com o Yale Liver Center, em colaboração com a Escola de Medicina Yale; coordenou um Journal Club sobre literatura científica relacionada a covid-19 e costuma gerenciar a lista de discussão do Centro de Fígado da UFMG. Hoje, seus planos incluem fazer Medicina e seu principal objetivo é trazer a pesquisa para a prática clínica. 

 

 Redação: Dayse Lacerda - jornalista na ACBio

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