Edital prevê seleção de até 20 projetos para prepará-los e apresentá-los a investidores
Se você é professor, técnico ou estudante e está desenvolvendo uma tecnologia com a intenção de levá-la ao mercado, essa notícia te interessa. Estão abertas as inscrições para o Programa de Empreendedorismo e Inovação para Cientistas que o Instituto de Ciências Biológicas da UFMG está lançando em parceria com a Emerge, consultoria especializada em fazer a ponte entre ciência e mercado. O objetivo do programa é acelerar o passo para fazer com que as tecnologias de base científica cheguem mais rápido à sociedade.
O edital, já disponível, prevê que o programa aconteça em três etapas: mapeamento, treinamento e construção de “business cases”, além de um “showcase”. Na primeira fase, serão selecionados até 20 projetos de pesquisa desenvolvidos no ICB. Os integrantes dessas iniciativas passarão para a segunda fase, um treinamento de 13 semanas, totalizando 20h, para desenvolvimento de habilidades e competências necessárias à apresentação, em um formato mais acessível ao mercado, do conhecimento específico que estão construindo em suas áreas temáticas.
O programa termina com a apresentação das seis melhores tecnologias para indústrias, fundos de investimento e empresas parceiras. De acordo com Milena Rosado, Gerente de Projetos do ICB, a proposta é levar o investidor a vislumbrar, de forma prática, como aquela tecnologia poderá solucionar problemas concretos da sociedade e, assim, “trazer parcerias para a universidade por meio dos pesquisadores, negociando o conhecimento produzido no ICB”.
Ricardo Fot, do ICB e da organização do Programa, está confiante de que o programa, completamente custeado pela Diretoria, possa fazer a “roda do empreendedorismo e inovação do ICB” começar a girar, atraindo outros pesquisadores, departamentos e laboratórios. “Tudo está sendo pensado em função da sustentabilidade do ICB, para que possamos pegar o que temos de mais brilhante dentro do Instituto e colocar diante de potenciais compradores”, adianta. “Não adianta a inovação ficar dentro do ICB e não gerar uma transformação na sociedade”, argumenta referindo-se ao portfólio de produtos e serviços inovadores que será criado a partir dos 20 projetos selecionados.
CONTEÚDO
Para Daniel Pimentel, diretor de Universidades e Transferência de Tecnologia da Emerge, o grande desafio é reduzir a assimetria de informação existente entre o pesquisador ou a universidade e a indústria ou investidor, já que “o primeiro detém muito mais conhecimento sobre o projeto e os resultados laboratoriais daquilo que está vendendo e o segundo tem muito mais conhecimento sobre o valor do produto já operante”. Ele explica que “o papel da Emerge é fazer as partes entenderem melhor o outro lado, possibilitando o aprendizado sobre mapa de trabalho, acordo de confidencialidade, propriedade intelectual etc.”, define.
Por isso, “uma das aulas da formação é dedicada exclusivamente a uma preocupação corrente entre pesquisadores”, afirma o consultor, o nível de interferências das empresas na pesquisa científica, ou seja, os limites da relação entre cientista e investidor. “A gente discute sobre contratos de investimento. Quando você passa a ter parceiros, você passa a ter outros stakeholders com os quais precisa alinhar objetivos. E esse alinhamento deve ser feito no tempo zero. Com uma boa formação, o pesquisador, a GerPro e o ICB saberão negociar e tomar a decisão para que eles possam ser bem estabelecidos”, ensina Daniel Pimentel. No vídeo a seguir, ele fala um pouco mais sobre a questão.
Usando como exemplo uma vacina de RNA desenvolvida como pesquisa básica e contando com investimento do estado, cuja democratização só foi possível a partir da criação de uma start-up e do investimento financeiro de uma grande indústria farmacêutica, Daniel Pimentel defende a inovação como caminho possível para impulsionar a pesquisa científica. “Não é a mesma coisa que fazer pesquisa isoladamente e ter autonomia completa. Você terá parceiros. Mas eles poderão ajudá-lo a chegar ao objetivo final”, argumenta.
Além da geração de receita para a universidade, o laboratório e os inventores, Daniel Pimentel ressalta o impacto da inovação na solução de importantes problemas da sociedade.
MASTER CLASS
Os interessados em se inscrever podem participar, no dia 7 de abril, a partir das 17h, de uma live de apresentação no canal do ICB UFMG no Youtube em que será possível obter mais informações e esclarecer dúvidas sobre o Programa.
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Redação: Dayse Lacerda